28.10.25

Ave agoirenta

Não querendo ser ave agoirenta, penso, no entanto, que os apelos à contenção e à estabilidade escondem a realidade falseada dos números que nos atiram à cara diariamente.
Suavemente, caminhamos para o desequilíbrio das contas públicas e privadas, mantendo as reivindicações dos dias de falsa glória.
Somos assim. Gostamos de ser enganados... e quando acordamos, desatamos ao soco e ao tiro... Só que raramente saímos do sono letárgico em que andamos mergulhados...

Entretanto, o rapazola de Mem Martins vai aproveitando a cobardia reinante para engrossar as suas tropas - a piada dos três salazares vai fazendo o seu caminho nas tascas, nas redes sociais e nas televisões.

23.10.25

No país dos mortos...

As mortes vão sendo notícia, umas 'naturais', outras inesperadas, outras 'violentas' Todas distantes, mas a que não conseguimos fugir: entram-nos pelos olhos e pelos ouvidos, quer queiramos ou não... 
Umas dão lugar a espetáculo e a beatificação, as restantes a lamento e a condenação.
Parece que vivemos no país dos mortos, hipotecando a cada dia que decorre o futuro: suspende-se o trabalho, nega-se a responsabilidade, atirando a culpa para o passado mais ou menos recente...
Esperemos que os jerónimos continuem a orar por nós.

15.10.25

Descrente

Não consigo falar da Faixa de Gaza nem da Ucrânia de Trump. Só observo megalomania e negócio. Não vejo motivo para idolatrar o americano, e desconfio que os americanos adormeceram sem darem conta do pesadelo que os espera... a raposa passeia eufórica no galinheiro. Ainda vejo as penas elevarem-se nos ares como se balões em dia de festa.
Na Europa, repetem-se as angariações de fundos e as promessas de rearmamento... no entanto, a Rússia vai demolindo os dias de Kiev sem que se veja quem se lhe possa opor. Nas televisões, vivemos os abraços, os beijos fingidos e as juras de quem só consegue repetir estereótipos.
Eu, pelo menos, ainda desconfio de mim, embora não prometa nada, nem faça juras. Amanhã, será outro dia, em nada diferente dos anteriores, infelizmente...

14.10.25

Lúcia

Relembro o falecimento (14-10-1956) daquela avó, Lúcia, que partiu sem me deixar marca de contacto físico. Teria 125 anos, hoje...

Dela só registo o pouco que me asseguraram: uma mulher que lutava diariamente pela família, fazendo a pé uma duzia de quilómetros para vender no mercado de Torres Novas os produtos que a terra disponibilizava estação a estação... 

Uma mulher que sacrificava a saúde por uma causa maior! Uma mulher que seria rigorosa na educação das três filhas, mas disso nenhuma delas se queixou, que eu me lembre.

Muitos familiares partiram, mais mais ou menos diluídos no tempo, mas dela lembro-me sempre.

10.10.25

Dia assinalável

Assinalável pela atribuição do Prémio Nobel da Paz 2025 a Marina Corina Machado e pela coragem de não o atribuir a Donald Trump...

Esperemos que Trump não se vingue passando a proteger o ditador Nicolás Maduro.

6.10.25

Um presidente comprometido

Ele que gosta tanto de palrar, no dia da República, perdeu o pio... e nem sequer foi capaz de ler o que escreveu sobre o 5 de Outubro... Porquê? Por causa das eleições, ele que nem sequer é candidato...

Neste dia, a obrigação do Presidente da República é celebrar a data, elogiando e criticando o que for conveniente, independentemente dos comparsas que o acompanham no acto.

Tenho pena que o Presidente da República não saiba respeitar o cargo para que foi eleito. 

3.10.25

Flotilha sem armada

A flotilha sonhava com uma armada. Como esta não iria comparecer, o fracasso era inevitável. Sonhar, segundo se diz, não tem custos. No entanto, neste caso, há custos que acabarão por ser pagos pelos palestinianos.

Há situações em que não basta querer, é preciso que a armada se mova. Infelizmente, nada disso está a acontecer na direção certa: dizimar populações não é aceitável, seja em Gaza seja na Ucrânia.

Estamos numa época em que as palavras escondem a cobardia das armadas.