12.12.25

A verdade morreu

Nem sequer nos deixam percepcionar a realidade. Perdemos o direito à subjetividade. Somos permanentemente objeto de manipulação... e depois exigem-nos que paguemos... e até que votemos em fantoches da hora...

Vivo permanentemente a tentar introduzir alguma racionalidade nas decisões, mas vejo-me obrigado a desistir. Ninguém vê vantagem em tal esforço.
Vou deixar o barco à deriva, alhear-me das fontes de informação, e de qualquer tentativa de contrariar a voragem.
A bom entendedor, mas não sei se ainda há...

4.12.25

Beijar a mão ao diabo

A Internet veio facilitar as compras, só que nesse espaço quem domina são as grandes redes comerciais, estrangeiras. 
Basta estar atento à quantidade de estafetas que, de porta em porta, entregam pacotes da mais diversa natureza, para compreender que os portugueses aderiram à dinâmica das compras online.
Tornámo-nos preguiçosos, deixámos de ir, por exemplo, aos mercados municipais. Em Moscavide, o mercado já só tem três bancas: duas de legumes e fruta, e outra de peixe. Todas as restantes se encontram às moscas.
E mesmo no chamado comércio local, multiplicam-se os estabelecimentos cujos produtos de reduzida qualidade chegam predominantemente da Ásia, a preços mais apetecíveis... Até na alimentação, cada vez menos mediterrânica!
Isto, para dizer que o debate entre 'direitas' e 'esquerdas' é ridículo, porque mesmo aqueles que vivem de subsídios de toda a ordem estão prontos a votar nos caudilhos da hora...

30.11.25

Com sol e vento fresquinho...

Com sol me despeço de novembro. Não fosse o vento fresquinho...
Confesso que tenho andado um pouco irritado com a falta de educação do André Ventura e do seu milhão e meio de fãs, o que põe em causa o trabalho educativo que procurei desenvolver ao longo de quarenta e seis anos.
E também ando perplexo com a quantidade de vidas carbonizadas em acidentes de automóvel, o que me leva a questionar os materiais e a tecnologia...

Embora não me sinta confortável, quero aqui registar a leitura de dois livros de poemas: ATÉ AO NADA e outras variações, de António Souto; DES-ABRAÇO, de Maria José Ferreira... Poetizam, de forma elíptica, o que a VIDA lhes trouxe e lhes traz, e procuram exorcizar a MORTE.

Para Dezembro, levo comigo Balzac que vai retratando impiedosamente o ano de 1808... e vou revendo o Diário de 2018.

29.11.25

Da liberdade de expressão

A liberdade de expressão não pode dar cobertura à mentira e ao ataque pessoal. O debate de ontem entre os candidatos André Ventura e a Catarina Matins foi tão violento que não há espectador que resista... Ou há?
Se o que se passou num canal televisivo, perante um moderador desesperado, tivesse acontecido numa casa de família, haveria, certamente, quem chamasse a polícia, evocando violência doméstica.
E não me digam que se trata de 'ódio de facções', pois se esse for o caso, o proclamado amor a Portugal anda pelas ruas da amargura....

25.11.25

Candidatos à Presidência da República

Os candidatos só querem passar à segunda volta... e alguns nem sabem do quê. Apanhados numa armadilha, lá vão repetindo receitas de partidos, incluindo do partido único, que os comprometeriam se, no futuro, tivessem de tomar decisões responsáveis.
No essencial, os debates servem não para esclarecer, mas para eliminar aqueles que possam fazer prova de alguma independência, de alguma responsabilidade.
Os painéis de comentadores televisivos degradam a inteligência dos eleitores, criando perfis artificiosos, chegando ao ponto de dar instruções de comportamento e de atitude...

17.11.25

Rom

Hoje passei umas horas no serviço de Urologia do hospital de São José - exames. Ninguém me acompanhou nem era necessário, felizmente.
Só que, à porta do pavilhão e nos corredores, havia mais de uma dezena de rom, à espera de uma decisão... Alguém irá ser operado amanhã. Por volta das 13:30, debandaram... Amanhã, bem cedo, voltarão.
Na zona em que eu me encontrava um casal indiano, parentes remotos dos rom, esperava pacientemente. Ele ensimesmado, ela decidida.
De qualquer modo, o que mais me impressionou foi um casal de idosos vindos do Algarve. Ele debilitado, ela mais lúcida, preocupada com a marcação dos exames de fevereiro. Receava que a marcação coincidisse com o dia de Carnaval, pois para  chegar às 10 horas, teria de sair do Algarve às 6 horas da manhã. Escaldada, não quereria repetir experiência de outro ano.

13.11.25

A depressão Cláudia

MNAC
Troveja, venta e chove. 
Fogo destrói armazéns de frutas em Alcobaça e andares de luxo em Lisboa. 
Talvez a notícia não seja rigorosa!

As Claudias,  não me refiro às ameixas, devem sentir-se bastante perturbadas. Descontroladas, sopram em toda as direções. No entanto, um pouco de memória é suficiente para não acusar os fenómenos atmosféricos ou as alterações climáticas.
O território é deixado ao capricho do interesse humano e das marés. E depois os ribeiros surgem violentos e as árvores maltratadas  libertam as raízes.
E com a mesma violência, as televisões exploram as ocorrências como se nós fossemos todos atrasados mentais.
Mudam os mandantes e tudo se agrava na paisagem urbana e rural.

9.11.25

A traição orçamental

Estamos em Novembro. O mês começa com o 'pão por Deus', cada vez mais em desuso, no entanto, sinal de pobreza. Segue-se o dia de Finados, iniciado no dia de Todos os Santos, também eles sepultados. E depois acorda-se para o Orçamento, já descarnado por ação da Santa Aliança...
No Parlamento, surgem 2176 propostas de alterações que só servem para esconder a realidade económica do país, pois não há margem orçamental...
Nas ruas, começam as manifestações de trabalhadores obrigados a lutar pelo direito ao trabalho, por mais miserável que seja a remuneração. 
De facto, o que passou a estar em causa é a possibilidade de ser atirado para o desemprego. Quanto a isso, o que é que diz o Orçamento?

E ali em baixo, no Parque das Nações, começa, amanhã, a Web Summit, cujo bilhete mais popular custa 1595 euros. 

6.11.25

Raios e coriscos

Noite de raios e coriscos. No entanto, do que se fala é de descargas eléctricas atmosféricas, negativas e positivas. A ciência da IA obriga-nos a repetir o que não percebemos e, felizmente, não sentimos...
Desta vez, os prejuízos foram reduzidos e, talvez, porque as eleições autárquicas são recentes, houve mesmo um presidente de câmara que se prontificou a pagar as despesas...

Onde os raios e coriscos são permanentes é no Ministério da Saúde, só que aí ninguém quer arcar com a fatura do aumento da procura, da degradação dos serviços, da cedência aos privados... num país de pobres cuja insuficiência económica é matreiramente anulada através de um ou dois bónus anuais... 
Este bónus serve para que um milhão de portugueses 'saia' da condição de insuficiência económica.

Curiosamente, se as Finanças não atestarem a insuficiência económica do cidadão, este pode viajar gratuitamente nos transportes públicos na cidade de Lisboa, mas não tem direito, caso esteja incapacitado, por exemplo, a 97%, a transporte gratuito para se deslocar ao hospital ou para regressar a casa (ao lar)...

2.11.25

Do entulho...

Há cada vez mais entulho, nas ruas, nos centros comerciais,  nas televisões, nas redes sociais. E esse entulho atrapalha, desconcentra, instala a mentira, e destroi-me os neurónios sem qualquer hipótese de regeneração... E como sabemos, o entulho agrava as enxurradas...
Agora que o Inverno se aproxima há que estar atento às iluminações, às instalações que nos turvam a visão com o objetivo de nos esvaziar as carteiras na quadra natalícia cada vez mais profana... Mas isso, todos sabemos, e não temos emenda.

28.10.25

Ave agoirenta

Não querendo ser ave agoirenta, penso, no entanto, que os apelos à contenção e à estabilidade escondem a realidade falseada dos números que nos atiram à cara diariamente.
Suavemente, caminhamos para o desequilíbrio das contas públicas e privadas, mantendo as reivindicações dos dias de falsa glória.
Somos assim. Gostamos de ser enganados... e quando acordamos, desatamos ao soco e ao tiro... Só que raramente saímos do sono letárgico em que andamos mergulhados...

Entretanto, o rapazola de Mem Martins vai aproveitando a cobardia reinante para engrossar as suas tropas - a piada dos três salazares vai fazendo o seu caminho nas tascas, nas redes sociais e nas televisões.

23.10.25

No país dos mortos...

As mortes vão sendo notícia, umas 'naturais', outras inesperadas, outras 'violentas' Todas distantes, mas a que não conseguimos fugir: entram-nos pelos olhos e pelos ouvidos, quer queiramos ou não... 
Umas dão lugar a espetáculo e a beatificação, as restantes a lamento e a condenação.
Parece que vivemos no país dos mortos, hipotecando a cada dia que decorre o futuro: suspende-se o trabalho, nega-se a responsabilidade, atirando a culpa para o passado mais ou menos recente...
Esperemos que os jerónimos continuem a orar por nós.

15.10.25

Descrente

Não consigo falar da Faixa de Gaza nem da Ucrânia de Trump. Só observo megalomania e negócio. Não vejo motivo para idolatrar o americano, e desconfio que os americanos adormeceram sem darem conta do pesadelo que os espera... a raposa passeia eufórica no galinheiro. Ainda vejo as penas elevarem-se nos ares como se balões em dia de festa.
Na Europa, repetem-se as angariações de fundos e as promessas de rearmamento... no entanto, a Rússia vai demolindo os dias de Kiev sem que se veja quem se lhe possa opor. Nas televisões, vivemos os abraços, os beijos fingidos e as juras de quem só consegue repetir estereótipos.
Eu, pelo menos, ainda desconfio de mim, embora não prometa nada, nem faça juras. Amanhã, será outro dia, em nada diferente dos anteriores, infelizmente...

14.10.25

Lúcia

Relembro o falecimento (14-10-1956) daquela avó, Lúcia, que partiu sem me deixar marca de contacto físico. Teria 125 anos, hoje...

Dela só registo o pouco que me asseguraram: uma mulher que lutava diariamente pela família, fazendo a pé uma duzia de quilómetros para vender no mercado de Torres Novas os produtos que a terra disponibilizava estação a estação... 

Uma mulher que sacrificava a saúde por uma causa maior! Uma mulher que seria rigorosa na educação das três filhas, mas disso nenhuma delas se queixou, que eu me lembre.

Muitos familiares partiram, mais mais ou menos diluídos no tempo, mas dela lembro-me sempre.

10.10.25

Dia assinalável

Assinalável pela atribuição do Prémio Nobel da Paz 2025 a Marina Corina Machado e pela coragem de não o atribuir a Donald Trump...

Esperemos que Trump não se vingue passando a proteger o ditador Nicolás Maduro.

6.10.25

Um presidente comprometido

Ele que gosta tanto de palrar, no dia da República, perdeu o pio... e nem sequer foi capaz de ler o que escreveu sobre o 5 de Outubro... Porquê? Por causa das eleições, ele que nem sequer é candidato...

Neste dia, a obrigação do Presidente da República é celebrar a data, elogiando e criticando o que for conveniente, independentemente dos comparsas que o acompanham no acto.

Tenho pena que o Presidente da República não saiba respeitar o cargo para que foi eleito. 

3.10.25

Flotilha sem armada

A flotilha sonhava com uma armada. Como esta não iria comparecer, o fracasso era inevitável. Sonhar, segundo se diz, não tem custos. No entanto, neste caso, há custos que acabarão por ser pagos pelos palestinianos.

Há situações em que não basta querer, é preciso que a armada se mova. Infelizmente, nada disso está a acontecer na direção certa: dizimar populações não é aceitável, seja em Gaza seja na Ucrânia.

Estamos numa época em que as palavras escondem a cobardia das armadas.

30.9.25

Na bandalheira

Vestem bem, mas têm um comportamento desprezível. Por ora, falam como os maltrapilhos, indo ao ponto de lhes apertar a mão... Apesar de desprezarem os pelintras,  descem do púlpito para lhes caçar o voto - como iguais.

Na bandalheira, vamos resvalando para a valeta, ao contrário de outros tempos  em que era necessário subir à montanha.

27.9.25

Perplexidade

Por entre tantas convicções, vivo inquieto, pois elas não perspetivam qualquer futuro que traga paz, pão e tranquilidade. Já nem falo de saúde, pois ela pode ser posta em causa a cada momento...

De facto, não basta querer salvar o mundo, é preciso salvarmo-nos de nós próprios, porque somos nós que catapultamos para os lugares de poder aqueles que só aspiram a espalhar o TERROR.

Nada do que está acontecer é surpreendente, basta olhar para trás. Abolida a História, cada um começou a desenhar um caminho em que os obstáculos passaram a ser eliminados em nome do individualismo absoluto, mesmo se, por vezes, este se disfarce de defesa de genuinos valores coletivos.

19.9.25

Covid silencioso

Por aqui, regressou... agressivo e debilitante. O tratamento é o de sempre, sem o aparato da vacina: paracetamol, antihistamínicos e outros redutores da tosse.

Continua a morrer-se não à conta do vírus, mas da propensão para a morte. As autoridades estão adormecidas, não vá a conta do SNS disparar ainda mais...

Um destes dias, ao ver o Benfica em campo, pensei que a equipa tinha sido atacada por uma nova variante do vírus. De qualquer modo, os benfiquistas já asseguraram o antídoto eficaz para combater a praga.

Quanto aos portugueses, não vale a pena esperarem pela ministra da saúde: atravessem a ponte!