«A tarefa do artista é convencer-nos de que isto poderia acontecer. A coerência interna e a plausibilidade tornam-se mais importantes do que a correção referencial.» James Wood, A Mecânica da Ficção, pág. 253, editor Quetzal
Preocupa-me esta renovada tendência em querer educar o gosto literário das crianças e dos adolescentes deste país.
Ao longo da História, a instrução, essencial ao crescimento humano, foi sendo metamorfoseada em educação, acabando quase sempre ao serviço de programas doutrinários ou ideológicos estabelecidos pelos grupos dominantes ou que, paulatinamente, preparavam o acesso ao poder. Raramente, a educação inverteu o «statu quo».
Sob a capa de valores civilizacionais, religiosos, artísticos, nacionalistas, internacionalistas ou simplesmente patrimoniais, os programadores educativos não resistem a condicionar a emoção humana...
Felizmente, as fontes do gosto desmultiplicam-se a cada dia que passa, tornando obsoleto qualquer tipo de programa.
Por mais que a Autoridade e a Referência se confundam, o que acabamos por aprender é que a coerência interna e a plausibilidade escapam a qualquer programador, pois, por natureza, se apresenta como gestor de almas alheias...