Sou dum tempo em que a vizinhança dos rios não significava proximidade. Faltava o transporte e, sobretudo, faltavam os recursos económicos para o essencial quanto mais para o lazer. A terra árida escondia os rios e as suas margens férteis; tornava invisíveis as toalhas líquidas, os barcos uma miragem; de aproximado, apenas, um barco a remos sem futuro
Por seu turno, os castelos, que se elevavam no compêndio de História, pareciam mais perto; eram, no entanto, anacrónicos; eram a representação da odiosa guerra, mesmo quando ao serviço de um único Deus. Sempre Único, fosse qual fosse o lado: da defesa ou do ataque. Tomar partido era ser patriota... e a guerra recomeçava e, ainda agora, continua um pouco mais longe, mas é a guerra por um Deus, por uma Terra...
Hoje, finalmente, visitei o Castelo do Almourol, reconstruído segundo o patriotismo de cada época. Assente no meio do Tejo, continua a observar manobras militares de não sei qual guerra...
Mesmo que a importância do Castelo do Almourol seja apenas a de nos prender a uma identidade enraizada no tempo da reconquista, convém não esquecer que não há poder sem castelo. Pode é não estar situado no meio do Tejo, o tal que nos deitou ao mar ou ao mundo, segundos outros megalómanos, como se não houvesse mais mundo para além de nós...