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11.6.15

O segredo de justiça ou de polichinelo


Lisboa, 11 junho (Lusa) - O Ministério Público abriu um inquérito por violação do segredo de justiça, na sequência da publicação de transcrições de um interrogatório efetuado ao ex-primeiro-ministro José Sócrates, no âmbito da "Operação Marquês".


Um inquérito para quê?

Afinal, quem é que, em tempo real, teve acesso ao interrogatório? Como é que o ato foi registado? Os presentes durante a inquirição puderam gravar por conta própria? Será que ainda estamos no tempo do registo audio, posteriormente, transcrito para o papel ou para outro suporte digital?

De acordo com a minha experiência castrense, toda a transcrição é manipulável, sobretudo se o continuum  for objeto de qualquer tipo de interferência, como, por exemplo, a tosse, a ira...

Na minha perspetiva, para além do inquirido, que já está detido, o melhor seria deter os restantes, isto é, todos os que estiveram presentes no interrogatório... 

8.6.15

O outro lado de José Sócrates

"Agora, o Ministério Público propõe prisão domiciliária com vigilância eletrónica, que continua a ser prisão, só que necessita do meu acordo. Nunca, em consciência, poderia dá-lo", responde José Sócrates, numa carta a que a SIC teve hoje acesso.

Deste modo, José Sócrates poupa nas despesas e promove o turismo nacional. No caso, a grande beneficiada é a cidade de Évora!

Face a esta decisão, para que o contribuinte seja menos sacrificado, espera-se que a Justiça faça o que lhe compete, isto é, decida.

Diga-se de passagem que se eu estivesse no lugar de José Sócrates, faria exatamente o mesmo. As pulseiras nem aos rafeiros deveriam ser aplicadas...

26.11.14

O amigo do amigo "amordaçado"

De certo modo, os amigos mudaram-se para a vida virtual. Basta contar os amigos que cada um de nós tem nas redes sociais! Deles pode esperar-se tudo, até o silêncio absoluto. Seguem-nos ou ignoram-nos de acordo com as conveniências... E não se pode censurá-los por tal. É um novo direito que, pela sua natureza, não impõe qualquer dever.
Ora, hoje, um daqueles amigos, que continua bem agarrado à vida real, decidiu visitar outro amigo colocado atrás das grades por tempo indeterminado. E claro, o inevitável aconteceu: o amigo de seu amigo aborreceu-se com as perguntas da comunicação, dita social.
O amigo levantara-se cedo, porque tinha um dever a cumprir: dar um abraço ao amigo "amordaçado". Na verdade, Mário Soares vê José Sócrates como outrora via Portugal. 

E não se pode levar a mal! Mário Soares continua a viver no mundo real, enquanto que a comunicação social vive no mundo virtual. Ele tem o dever de visitar o amigo. Por seu turno, a comunicação social age de acordo com as suas conveniências...

Nota de rodapé: Já alguém verificou a hipótese da comunicação social colocar escutas por conta própria?

25.11.14

A pensar no ...

44 = equilíbrio, sensatez, espírito filosófico. Disponibilidade para ler livros cartesianos, em francês! Esta tendência revela, no entanto, um espírito um tanto fin-de-siècle ou, talvez, 68, que, se fizermos as contas, nos traz... a 2014.
Bem vistas as coisas, foi no dia 24 que o suspeito ficou a saber o que o Céu Sereno lhe destinou! Assegurado o ócio, espero que José Sócrates o saiba desfrutar, (re) lendo, por exemplo, as estâncias 96 a 99 do Canto VIII de Os Lusíadas, e tendo presente a seguinte passagem da APOLOGIA DE SÓCRATES, de Platão:

 «Atenienses, se me tivesse dedicado à política, já estaria morto há muito tempo, sem ter sido bom, nem para vós, nem para mim próprio.
Não vos amofineis, por favor, por me ouvirdes falar a verdade: nenhum homem pode evitar a condenação à morte se, com franqueza, se opuser, ou a vós, ou à populaça, se procurar impedir que, no Estado, se cometam atos injustos e ilegais. Quem combate de verdade pela justiça, se desejar viver algum tempo, tem de se remeter à vida privada, e evitar a participação na vida pública.»
  

24.11.14

Dentro de momentos...


O filme segue «dentro de momentos». São 20 horas e 45 minutos e há mais de duas horas que o País espera por uma decisão... 
Provavelmente, a culpa é da mediatização!
No entanto, resta saber se são os media os culpados desta espera inclassificável ou se é o Ministério Público o verdadeiro responsável por este atraso 'colossal'.

Enquanto espero, vou ler a peça de Samuel Beckett, En attendand Godot. Esta peça foi criada no dia 5 de Janeiro de 1953 no Teatro Babilónia...


VLADIMIR. - Que faire pour fêter cette réunion? (Il réfléchit.) Lève-toi que je t'embrasse. (Il tend la main à Estragon.)
ESTRAGON ( avec irritation). - Tout à l'heure, toute à l'heure.
                                                                                                       Silence.
VLADIMIR (froissé, froidement). Peut-on savoir où monsieur a passé la nuit?
ESTRAGON. - Dans un fossé.
VLADIMIR (épaté). - Un fossé! Où ça?
ESTRAGON (sans geste). - Par là.
VLADIMIR. - Et on ne t'a pas battu?
ESTRAGON. - Si... Pas trop.
VLADIMIR. - Toujours les mêmes?
ESTRAGON. - Les mêmes? Je ne sais pas.

                                                                                                      Silence. 

Dentro de momentos!
Já são 21 horas e cinquenta e cinco minutos.

Decisão: José Sócrates em prisão preventiva! - A medida de coação mais gravosa.

                                                                                                      SILÊNCIO.

23.11.14

É todo um país que espera!


Não sei se Sócrates é culpado ou não!
Sei, no entanto, que os indícios devem ser fracos, caso contrário já todos teríamos conhecimento da decisão judicial...
Nesta situação, não são apenas quatro detidos que esperam. É todo o país que espera.

E, amanhã, o país merecia regressar ao trabalho, tranquilo, convencido de que a Justiça é nobre, não cedendo à tentação de humilhar o suspeito, seja ele quem for. No caso, José Sócrates, ex-primeiro-ministro de Portugal.