«o Camões precisa mais que a memória duma página, coisa de nada, difícil. Nem o Camões, nem cada um de nós com ele, cabemos no tempo da escrita do espaço duma folha. Mas quando teremos o tempo necessário?» José Mariano Gago, Liceu Camões 100 Anos 100 Testemunhos
Do meu contacto, distante, com José Mariano Gago habitam-me três palavras: fascínio, autenticidade e benevolência.
Homem benevolente, pronto a acarinhar quem o ajudou a aprender e quem, por instantes, para servir um desígnio, via nele um facilitador de soluções... A benevolência estende-se a essa ideia simpática de que todos os homens precisam de mais do que uma folha para registar a sua existência. (Tantos são os que ontem e hoje falam elogiosamente de José Mariano Gago e que não merecem sequer referência no rodapé da vida!)
Homem fascinado pelo espaço, nas suas diversas escalas, mas que sabia que o tempo lhe poderia frustrar a ambição de ir além do conhecido. E sobretudo, um homem, que tinha a noção de que só o conhecimento salvaria o ser humano de si próprio... Por amizade, José Mariano Gago confessou um dia que o Liceu Camões, que o acolhera dos 10 aos 17 anos, fora a academia matriz que, afinal, sempre procurou construir enquanto homem político ao serviço do seu país...
Homem autêntico que nunca vi colocar-se em bicos de pés, manteve-se por largos períodos na sombra, apesar da sua inteligência e compaixão...