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21.3.15

Poetastro

Não rima

ainda quando havia trabalho
rimava o malho
se enchia a tulha
mesmo se de hulha...

talvez a poesia
rimasse com maresia
quando amanhecias no cais

agora cais na modorra
a fé dura menos de uma hora...

talvez a poesia
pudesse rimar com melancolia
se o tempo não fosse de agonia...

16.11.14

Este fulgor baço…

«Este fulgor baço da terra / Que é Portugal a entristecer…» / Fernando Pessoa
Temos rei e temos lei,
temos paz e temos guerra.
Todos sabemos o que queremos,
todos conhecemos quem somos.
(Temos peritos em ansiedade
e até já não há nevoeiro!)
De nada serve ser inteiro
desde que se possa
deitar a mão ao dinheiro…
(…)
Há quem floresça num canteiro
e queira ser quem não é
Não importa se espinho
se erva daninha…
(…)
Para ti
que, longe de ti,
procuras quem és,
cava
e em ti acharás
quem és…

25.4.14

Neste abril

As flores podem ser brancas ou vermelhas,
as canções podem ser de nostalgia ou de luta, 
as palavras podem ser ou não ser...

O que não se pode esconder: 
as armas de brincar
e os beijos de perfídia

O que não se pode esconder:
o desespero
o desemprego
a doença
a deseducação
a desertificação
a dívida
o despejo
a emigração
a fome

O que não se pode esconder: tudo o que andamos a esconder há 40 anos...

21.4.14

Milady já não é britânica

Milady já não é britânica
deixou de ir à boutique
não precisa de guarda-roupa
Milady prefere o ouro o carmim
o briho do ébano
à carnação ebúrnea
Milady esconde os olhos
alonga-se na nudez
vê no umbigo a rosa do mundo
Milady ainda vai à escola
as páginas dos livros troca pelo bâton pelo verniz
espera ser feliz
Milady faz beicinho
se a nota não lhe faz jus...