23.8.09

Em 27 de Setembro...

É decisivo que os portugueses votem em consciência. De acordo com a sua consciência e não em função de argumentos catastrofistas ou de dilemas mais ou menos arcaicos.
Há muito tempo que a esquerda e a direita morrerram. Quem nos governa fá-lo em nome de interesses mais ou menos ocultos... e o interesse tornou-se inimigo da necessidade!
Por isso, em 27 de Setembro, cada português deve equacionar as suas necessidades e expressar o seu pensamento, independemente dos que prometem ou dos que nada prometem.
Prometer 'tout court' pode ser a expressão de um sonho, mesmo que se torne irrealizável. Prometer apenas o que se pode cumprir não ´corresponde a qualquer tipo de promessa, é uma obrigação!
E convém ter presente que os políticos não são nem melhores nem piores do que nós. São apenas o nosso rosto...
E independentemente do sentido do nosso voto, no dia 28 de Setembro, o rio seguirá o seu antiquíssimo caminho...

22.8.09

A falha...

Quando me falha (ou falha à língua) o termo capaz de expressar o sentido, posso sempre recorrer à catacrese... Resta, porém, saber se a falha justificativa do recurso à figura é da língua ou minha...
Nos últimos dias, por razões diferentes, atravessei dificilmente Sintra e percorri, surpreendido, a parte histórica de Tomar. No primeiro caso, falhava o lugar para estacionar ou para sentar (tudo era movimento apertado de gentes mais ou menos estrangeiras ao lugar!); no 2º caso, edifícios e ruas em ruína pareciam apontar uma falha prístina... Lugares por mim longamente vividos, mas que, por estes dias, esperam a chegada não apenas de turistas mas, sobretudo, de dirigentes responsáveis para que as arribas soalheiras deste país não desabem definitivamente...
Nem sempre falha a língua ou o ser, nem sempre precisamos de recorrer à catacrese...

16.8.09

Finalmente...

António Lobo Antunes, Que farei quando tudo arde? (2001)

Finalmente, conclui a leitura deste romance... De facto, agora que cheguei à página 637, sinto que deveria recomeçar a leitura, sobretudo, querendo dizer algumas palavras sobre a referida obra. Honestamente, talvez fosse melhor não o fazer, mas por respeito pelo meu velho amigo Sá de Miranda que, consciente das fraquezas do Amor e da Razão, decidiu trocar o Paço pela Arte. E por isso aqui o cito para que António Lobo Antunes compreenda que o Destino o afastou definitivamente do Paço, onde o senhor dava por nome Gil Vicente. (E nem a nova noiva lhe devolverá a Ilha para sempre perdida!)

Desarrezoado amor, dentro em meu peito,

tem guerra com a razão. Amor, que jaz

i já de muitos dias, manda e faz

tudo o que quer, a torto e a direito.

Não espera razões, tudo é despeito,

tudo soberba e força; faz, desfaz,

sem respeito nenhum; e quando em paz

cuidais que sois, então tudo é desfeito.

Doutra parte, a Razão tempos espia,

espia ocasiões de tarde em tarde,

que ajunta o tempo; em fim, vem o seu dia:

Então não tem lugar certo onde aguarde

Amor; trata treições, que não confia

nem dos seus. Que farei quando tudo arde?

Sá de Miranda

Quando o relativismo comportamental alastrava imperialmente, qual napalm, António Lobo Antunes decidiu mergulhar nos estilhaços de uma família desestruturada, retratando-a de forma fragmentada e, sobretudo, dando espaço a descontextualizadas, travestidas e sangrentas vozes, para sempre incapazes de se libertarem de iniciáticas cenas de traição e de despersonalização.

Fascinado por essa nova realidade, o autor arrasta o leitor para um espaço circular e de non-sense, criando um labirinto em que a palavra e a imagem se tornam no único fio redentor. Quem procura acção situada no tempo e no espaço, quem procura compreender as causas e os efeitos, quem, no limite, admite a peripécia como factor de complexidade ou de equívoco, bem pode desistir da leitura…, aqui tudo se traveste, tudo se intersecciona num permanente fascínio pela enumeração verbal, pela iteração verbal, pelo tom verbal, pelo ritmo verbal, pela imagem verbal, pela metáfora luminosa, como se as coisas (a realidade) se limitassem a flutuar em torno da voz do criador…

À sua maneira, A.L. Antunes dá, neste romance (?) a mesma resposta que Sá de Miranda: Quando tudo (as coisas, os padrões) entra em decadência, então, só a linguagem pode gerar novos possíveis narrativos. Apenas a arte nos pode redimir, principalmente se porética… E quando isso acontece, a leitura torna-se lenta e dolorosa…

Um olhar peregrino

Cansados dos heróis, os habitantes de Hospital de Orbigo...
Uma Ponte com história vê passar os peregrinos, a toda a hora...
História submersa, do lado de cá da fronteira...

15.8.09

Lugares de Astorga

Para o caso de alguém pensar que a caruma ardeu definitivamente neste verão, vou plantar algumas fotografias de lugares que palmilhei em Agosto. À excepção do Gaudi que tive o grato prazer de reencontrar ao serviço de um bispo seu conterrâneo…, gastei os dias a percorrer a rota do românica …

Nota: O último piso do museu dos caminhos já não é da responsabilidade de Gaudi.
Entretanto, alguém arrancou as fotos...

1.8.09

Como ainda não confirmei o "étimo" de Gerês"

A noite e a manhã foram de chuva no primeiro de Agosto. Agora, nem sol nem chuva. A vila do Gerês estava meio adormecida. O percurso do Campo do Gerês para a vila do Gerês é magnífico. No entanto, o mini-autocarro, apenas transportou 2 passageiros à ida e 4 à volta. De acordo com o motorista, este transporte tem pouca procura. No ano passado, como era de borla, as pessoas atropelavam-se para nele viajar. Este ano, que o preço é de 1,50 €, o mini-autocarro circula vazio.
E antes que me esqueça, já que o Torga (Miguel), dá nome a pousadas e restaurantes, lembro que "torga" é nome local de "urze" lilás... por isso, em Torga, havia, malgré lui, tanto cheiro a semana santa... e quanto a flores, vale a pena acrescentar que por aqui as giestas (amarelas) predominam em Maio, sendo conhecidas por "maias". De facto, n'Os Maias, Eça de Queiroz retrata um país apinocado para o amor para, depois, murchar rapidamente...
E se a deriva me é permitida, os nomes que nos dão à nascença marcam definitivamente o nosso futuro. Adolfo Rocha preferiu ser "torga", apesar do festivo "miguel" e hoje dá nome albergarias e casas de pasto enquanto que Eça de Queirós, apesar de ignorado pelo pai, não vai além do prestigiado nome de "escola"... tudo isto sem falar nas ruas e avenidas, claro!

31.7.09

Os Pinhos que se cuidem!

Lisboetas em acção, sob a batuta (deveria ser do Rui!) da Isabel.

Sobras maltratadas do passado.
O amarelo da Serra, embora rasteiro.
Ilusões!
A dedaleira é uma planta medicinal que, se transformada em chá, mata.
Em Cortinhas é a sério! Para tudo é preciso ter jeito! Calcorreei 9 quilómetros e acabei por encontrar o que nos faz falta: atitude.