1.10.09

Ler com…

O primeiro contacto com os jovens de 15 anos, acabados de entrar no 10º ano, mostra-me que Isabel Alçada e Ana Magalhães já passaram à história. Uma Aventura… já não preenche o imaginário destes alunos. Lêem pouco e, quando o fazem, preferem o imaginário anglo-saxónico…

E se a leitura é marginal na ocupação dos tempos livres,  não é fácil perceber em que é que ocupam o tempo. Se ainda vêem televisão, não o confessam e, sobretudo, admitindo que alguns ainda passam uma ou duas horas em frente do televisor, nada aprendem, em termos linguísticos e históricos…

A leitura em voz alta parece cansar estes jovens que não a vêem  como uma forma de partilhar ideias, emoções. Lêem em surdina, de forma arrastada, como se o outro não existisse… e o outro, o colega, não revela qualquer disponibilidade para ouvir, para compreender as palavras, os enunciados, e por isso, na sala de aula, o diálogo torna-se fútil, digressivo…

30.9.09

De regresso à labuta…

Como, actualmente,  o comentário político exige um profundo conhecimento dos bastidores, decidi deixar de falar de quem nos governa. A opacidade desagrada-me. A intriga palaciana aborrece-me e faz-me perder tempo. Mas isto não significa que passe a pertencer ao grupo dos grandes indiferentes.

29.9.09

Mau perder…

Pelos vistos o Presidente tem mau perder. Nem uma palavra sobre os resultados do acto eleitoral do dia 27! De facto, o Presidente desejava uma vitória da ordem cavaquista.
Ofendido e incomodado, lança a atoarda de que o PS o quer prejudicar e ao fazê-lo estará a prejudicar “o supremo interesse do país”. A prelecção de Cavaco ao país ( ou aos jornalistas?) enredou-se numa teia de grande inquisidor, vítima de uma cabala libertina, mentirosa e indecososa. E como os grandes inquisidores, assegurou-nos através de um discurso sibilino que o cepo espera o pescoço de Sócrates…
Cavaco aproveitou  para cavalgar a ideia daqueles que defendem que Sócrates terá que ser afastado do poder o mais depressa possível. ( E ele espera que continuem a ser muitos! De verdade, conta com a união das oposições.)
Não sei se Sócrates tem ou não telhados de vidro, mas desconfio que o Presidente (o cavaquismo) tudo fará para minar a resistência física e psicológica do Primeiro Ministro. Cavaco diz querer ser o Presidente de todos os portugueses, mas não com o actual secretário-geral do PS.
Começo a pensar que é tempo do futuro governo ajudar o presidente a completar o seu mandato, de modo a que possa descansar tranquilo em terras de Boliqueime…

28.9.09

A derrota da aritmética…

Vivemos num país que não sabe calcular. Até ao dia 26 de Setembro, o PS não passava de um partido de direita. Governava em ditadura, asfixiando a sociedade esclarecida e manipulando o povo.
Desde ontem,  o PS passou a integrar a esquerda. O Povo vota sempre à esquerda! Uma parte desse povo votou Sócrates, outra votou BE e o restante povo, genuíno, votou CDU.
No entanto, 39 %  da população não votou e outros 39% dos que não são povo votou PSD e CDS. 
O resultado global dá uma vitória esmagadora dos que por alguma razão inefável não são povo (78%) sobre a maioria de esquerda - povo des(unido) - (55%).
Sócrates vai ter que gerir esta absurda aritmética, sabendo, de antemão, que não vale a pena fingir que é povo… até porque o povo de esquerda tem horror a cuscos…
(Amanhã, Cavaco Silva revelará ao país que como alguém o tem andado a espiar, de futuro deixará de receber o 1º ministro no Palácio de Belém. E, como por enquanto não quer afrontar a maioria de esquerda saída das últimas eleições, passará a presidir mensalmente ao Conselho de Ministros, na esperança de que Sócrates opte pela cicuta.)

27.9.09

Um novo ciclo democrático…

A partir de amanhã, começa um novo ciclo democrático. Governar em tempo de crise global exige muita concertação e, sobretudo, disponibilidade dos grupos parlamentares para a construção de soluções capazes de mobilizar a sociedade portuguesa, diminuindo as desigualdades e promovendo a produção de riqueza cultural e material.

Qualquer estratégia de bloqueio que venha a ser criada porá em causa o futuro da democracia e abrirá a porta a soluções totalitárias.

Amanhã é outro dia…

Às 8 horas em ponto compareci na mesa de voto nº 10, na Portela, Loures. E votei em consciência e em liberdade! Mais diligente do que eu só a senhora presidente da Junta, candidata à presidência da Câmara que, no seu passo decidido, acompanhava idosos pontuais, mas que não sabiam em que mesa de voto deveriam colocar a “cruz”… Por ela, nenhum deles deixaria de cumprir o seu desígnio!

E votei desapaixonadamente, liberto do espírito de vingança que absorve a lucidez de uns tantos paladinos da justiça e acaba por os atirar para becos-sem-saída.

E não se pensa mais nisso. Para quê? Amanhã é outro dia e não tem que ser o último…

25.9.09

Um país atarantado…

Considerando que a abstenção poderá diminuir nestas eleições em relação às «europeias», resta perceber de que lado estão as corporações que suportam o Estado, depois de Sócrates as  ter afrontado.
Dos partidos da oposição nada há a esperar. Aos problemas e às propostas de resolução, nada disseram. E tudo leva a crer que, na próxima 2ª feira, a mesma oposição faça de conta que nada perdeu no dia 27 e, sobretudo, que o inimigo continua o mesmo.
Tal como o calor insiste em ficar durante o mês de Setembro, também, em Outubro, o país continuará o mesmo: contestatário, mas sem capacidade de resolução dos problemas que mais o afligem.