Cheguei sem sol e, assim, continua. A praia fica a 500 metros do parque de campismo. O caminho é bom, apesar de obrigar a algum esforço no regresso (isto para quem anda a pé!) A areia branca e fina abriga-se entre falésias de ardósia. Tudo parece acolhedor, mas, hoje, falta o SOL.
Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
30.7.10
25.7.10
Reapreciar…
Desde sexta-feira que reaprecio provas de exame. A tarefa é melindrosa. Sobretudo, porque, a certa altura, deixam de estar em causa as respostas, passando para primeiro plano a qualidade das perguntas e dos critérios de classificação.
E nem vale a pena falar das alegações, sempre cheias de razão…, ignorando, por inteiro, a diferença entre o texto argumentado e o texto digressivo, desconhecendo o que é um argumento e apostando em exemplos descabidos.
Mas esta ignorância não é apenas dos examinandos, ela está inscrita nas instruções das provas de exame, desrespeitando a tipologia textual consagrada nas orientações programáticas do actual Programa de Português.
24.7.10
Os reizinhos…
22.7.10
Homo homini rex
Diz Michel Foucault, n’A vida dos homens infames, que cada um, se souber jogar o jogo, pode tornar-se face ao outro um monarca terrível e sem lei.
Todos os dias, nas mais diversas circunstâncias, dou conta desse jogo que, em nome do igualitarismo e da justiça, dá cabo do empenho e, muitas vezes, do desempenho do outro…
O que fazer? Desistir ou enfrentar os reizinhos?
19.7.10
A pedir pasto e cajado…
Ao contrário do que muitos defendem, ninguém faz o que eu faço. Se a ideia de que nada nos diferencia fosse válida, não passaríamos de um rebanho a pedir pasto e cajado.
Eu faço mal, bem, assim-assim. O outro também faz mal, bem, assim-assim. Mas faz diferente. Se tudo fosse igual, não haveria nem EU nem OUTRO, e muito menos TU. Apenas, o solilóquio dos pastores…
Aquilo que nos diferencia vem de longe ou de perto, conforme a idade, a experiência (a aprendizagem formal /informal), o estado de saúde física e mental. Omitir a maturação individual, subordiná-la à vontade do grupo é crime, porque mata o diálogo sobre o modo como resolver os problemas…
Quantas horas perdidas a fazer perguntas já gastas! Quantas frases repetidas sem nada dizer!
Hoje, compreendo bem melhor aquele avô que só soltava a voz após longo silêncio. O silêncio era a sua forma de comunicar. E incomodava porque me fazia pensar. E eu respeitava-o.
18.7.10
O que vemos…
Nem sempre o que vemos dá conta do que percepcionamos. As cores distendem-se até tudo ficar azul. No entanto, a visão sente-se perturbada por um vento agreste que tudo desgrenha como se o Inverno estivesse de regresso.
De qualquer modo, não é esta confusão dos sentidos que mais inquieta. É, principalmente, o despropósito dos comportamentos, a irracionalidade das atitudes…
Claro está que poderia ter descido ao areal…
16.7.10
O Espírito Santo…
O Espírito Santo bem podia baixar sobre algumas cabeças que ainda não perceberam que o combate à flatulência não obriga a uma dieta extrema… (Cuidado que há muita flatulência que não é apenas ventosidade!)
Ser menos infeliz à custa do sofrimento alheio pode trazer um prazer imediato, mas torna-nos mal-humorados e, sobretudo, depressivos.
Nenhum “paraíso artificial” devolve a serenidade que nos devia governar… Bem sei que não há nada pior que o orgulho e, embora não entenda completamente a semântica do termo, creio que uma das suas faces é a necessidade predadora de assegurar um lugarzinho na pequena história dos homens.
E infelizmente quanto maior é o orgulho, menor é a vontade de contribuir para o bem comum. Pouco importa que o vizinho se mate a trabalhar para compensar a nossa preguiça! Pouco importa que o futuro da comunidade, por nós amordaçado, seja hipotecado…
Nota: orgulho, conceito exagerado que alguém faz de si próprio (do germ. urgoli.)