26.1.16

Os calotes da campanha eleitoral

Em matéria de despesas da campanha eleitoral, sete candidatos não têm direito a qualquer subvenção estatal.
O Vitorino revelou-se senhor de muito tino, pois não terá gasto um cêntimo. O Edgar, apesar de não ser "engraçadinho", o Partido paga-lhe as despesas. O Morais, senhor de enorme moralidade, decidiu recorrer ao amigos do "face" para que estes lhe paguem a extravagância. O Neto já não tem idade para se queixar. Do Ferreira, não sei o que diga, mas terá património suficiente... O Jorge pouco mais terá gasto que uma ou duas avenças. E quanto à Maria Roseira, são rosas meu senhor... os seiscentos mil euros que terá gasto... Nem nunca D. Dinis chegou a saber! Porém, desterrou a rainha Isabel para Alenquer. Neste caso, desconfio que a quinta de Sintra acabará por mudar de mãos...

Quanto aos restantes, ratos de cidade, calaram-se bem calados, não vá o trovador tratá-los como, outrora, João Garcia de Guilhade fez a Dom Foam:


Dom Foam disse que partir queria
quanto lhi derom e o que havia.
E dixi-lh'eu, que o bem conhocia:
  "Castanhas eixidas, e velhas per souto".

E disso-m'el, quando falava migo:
- Ajudar quero senhor e amigo.
E dixi-lh'eu: - Ess'é o verv'antigo:
       "Castanhas saídas, e velhas per souto".

E disso-m'el: - Estender quer'eu mão
e quer'andar já custos'e loução.
E dixi-lh'eu: - Esso, ai Dom Foão:
       "Castanhas saídas, e velhas per souto".

25.1.16

Ao entardecer

Tudo começa acelerar, o frio alterna com o calor, o suor invisível entranha-se na pele depois de um longo banho catártico. 
Os santos de ontem caem em desgraça, e a salvação passa a estar do outro lado do telefone - qualquer resposta, que diga sim à imediatez, serve...
Ao entardecer, os argumentos perderam qualquer força. Só o silêncio e a obediência...
(...)
E quando os dias são de chuva, mesmo que a temperatura suba, tudo acelera ainda mais... e depois há o vento, quente ou frio, um demónio à solta...
(...)
Espero que ninguém pense que estou a referir-me ao "entardecer" de Cesário Verde. Há, de qualquer modo, a soturnidade da vida eivada de loucura, por vezes, pouco benigna.

24.1.16

Temos um novo Presidente da República

Temos um novo Presidente da República - Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, nascido a 12 de Dezembro de 1948...

Esperemos que Marcelo Rebelo de Sousa saiba ser presidente de todos os portugueses, fazendo esquecer aqueles que, em nome do interesse dito nacional, contribuíram para o empobrecimento do país, hipotecando-lhe a soberania.

Apesar de tudo o que escrevi sobre o comentador, desejo que doravante o presidente saiba interpretar a lei, não como um solitário exegeta, mas como um homem permanentemente atento à realidade, sem transigir com todos aqueles que, em nome de interesses pessoais e corporativos, vão delapidando o património territorial, cultural e humano. 

Parece que a austeridade mora noutro lugar


Por onde circulo, os cafés estão cheios de um tempo ocioso.

A maioria dos clientes terá deixado de trabalhar há muito ou, talvez, nunca tenha trabalhado...
Não sei se já votaram ou se o tencionam fazer, mas o seu ar despreocupado preocupa-me...

Quando olho os cafés, e me dizem que vivemos em austeridade, fico sempre um pouco confuso: parece que a pobreza mora noutro lugar ou, então, não passa de uma fantasia... 

Dizem-me, entretanto, que os clientes dos cafés são estrangeiros, porém, quando apuro o ouvido, o argumento morre na chávena do meu café... 
Mais logo se verá!


23.1.16

Ao atravessar a Quinta das Conchas

Esta árvore parece ter uma vida difícil, porém não desiste. Ao atravessar a Quinta das Conchas, dei de caras com a sinuosidade torturada dos seus gestos e, primeiramente, pensei que o seu estado seria fácil de explicar: a secura do solo.

No entanto, ao olhar à sua volta, verifiquei que por perto se erguia um majestoso e frondoso eucalipto, o que desmentia de imediato que a água andasse arredia de tal lugar...
Afinal, o que falta a uma árvore sobra a outra. Injustiça, talvez!
A Natureza nem sempre favorece a equidade!

Enquanto medito, vou esquecendo

Vou votar? Não vou votar?
Se for votar, voto branco? Anulo o voto? Olho atentamente o boletim, e escolho o candidato mais velho, o mais novo, o mais bonito, o mais gordo, o mais magro?

(Estou na dúvida, pois não sei de quanto tempo disponho na mesa de voto para observar a foto de cada um dos candidatos.)

Esta meditação pode parecer disparatada, mas, na realidade, necessito de um critério de decisão. Ainda não passaram 24 horas e já me não lembro de nada de essencial: esqueci tudo o que eles disseram uns dos outros, ou fingiram não querer dizer; esqueci até qual dos candidatos é o mais beijoqueiro...

Como já esqueci quem são os candidatos, hoje já não penso mais neste tema.
Amanhã, se verá! Pode ser que me lembre de me deslocar à assembleia de voto e acabe por me deixar de fantasias... Na hora, talvez Deus me ilumine! Quem diria!?

22.1.16

A marca pessoal dos candidatos

Dia 24, há eleições para a presidência da República, e não sei em quem votar... Não por falta de candidatos, mas porque não lhes vislumbro perfil para tal responsabilidade.
Votei em 1976, em 1986, em 1996, em 2006, e sempre soube atempadamente o que fazer. Desta vez, não sei!

O modo como os candidatos se apresentaram ao país, lembra-me um grupo de pavões deslumbrados com as suas próprias plumas, que, a todo o momento, prometem cumprir com zelo a Constituição e servir o respetivo povo... Nenhum deles apresenta qualquer razão para que a Constituição seja revista, como se esta fosse a expressão de uma verdade indiscutível... Texto sagrado que só um ímpio ousaria desafiar! 
Todos estão prontos a jurar e a fazer cumprir a Constituição, deixando uma marca pessoal...

Se algum dos amigos quiser apontar dois ou três argumentos convincentes, ficar-lhes-ei muito agradecido.