4.7.18

A alma caridosa

 A folha de Excel contraída numa página impressa.
(A vista cansada.)
- Vamos lá conferir as classificações das provas com os dados impressos! 
- Mas como se os não consigo ler?
Entretanto, uma alma caridosa decidiu que o melhor era fazer de mim. Deu tudo certo, felizmente!

Na 2ª fase, estarei de regresso, certamente, um pouco mais míope. Que importa desde que conte com a benevolência de nova alma!

Ontem, em silêncio paciente

Andei tão ocupado que não registei nada, não porque não houvesse nada para contar, mas por falta de tempo. Porém, a verdade é que estive mais de quatro horas à espera… em silêncio paciente, a beber água, só água com uma mistura intragável, para depois ser sondado do pescoço aos pés por umas criaturas brancas que se faziam de cordeirinhos mas não tinham nada de angélico…
Claro, histórias não faltariam se ainda valesse a pena contá-las, como a da velhinha incontinente, duplamente, que insistia na sua narrativa, independentemente do interlocutor a compreender ou não… ou até na ausência dele.

2.7.18

Que importa?

Que importa o lugar, só o tempo me foge!
Só hoje já estive numa dezena de lugares, sempre com uma preocupação: chegar a tempo, cumprir um prazo...
Mesmo no momento em que registo este pensamento, lastimo que a pressa me tenha feito esquecer do livro que tencionava continuar a ler, aproveitando a pausa forçada...
Só o tempo me foge!

1.7.18

No país das equivalências

Por paradoxal que possa parecer, cada vez fujo mais da opinião, até porque ter uma opinião implica partilhá-la.  Pressupõe pôr-se de acordo, tomar como sua uma ideia alheia… que, no íntimo, não se quer coletiva, porque o que queremos é impor a verdade, que enunciamos majestaticamente como nossa…
Por absurdo que possa parecer, estou há dias a ler textos de opinião em que o examinado é convidado a defender "numa perspetiva pessoal (…) o poder das palavras nas relações humanas."
Estou para aqui a fingir que a "opinião" e a "perspectiva pessoal" se equivalem, mas não consigo aceitar tal equivalência...

30.6.18

Anja Flach em Portugal

Em Coimbra, 30.06.2018
Ontem, na sede do MAS, em Lisboa, Anja Flach procurou convencer o auditório (pequeno) de que a resistência curda é, no essencial, um movimento de libertação comunitário, em que os membros, em grande parte mulheres oprimidas, tentam construir uma alternativa à sociedade patriarcal, capitalista - predadora...
As ferramentas de que dispõem são escassas, mas, se preservado o território comunitário*, parece possível combater, através do trabalho manual e da educação, a resignação milenar, devolvendo alguma da felicidade há muito perdida… 
A utopia curda enraíza-se num tempo anterior ao império otomano e a todos os colonialismos de que foram e são vítimas, por isso tem poucos aliados, porque na verdade não existe um território curdo, mas, sim, ilhéus em que os valores se vão diferenciando de acordo com os contactos a que se veem obrigados… 
A utopia curda continua, no entanto, cercada por poderosos interesses que visam a apropriação e a partilha do Médio Oriente e que não olharão a meios para a esmagar, até para que não sirva de exemplo a outras comunidades esquecidas…
Em Portugal, o que se sabe sobre os povos curdos é infelizmente residual, até porque a diretriz curda não passa obrigatoriamente pela construção de um Estado, como, por exemplo, o turco… 
Nós, por aqui, amamos o Estado e estamos convencidos de que ele só pensa em nós…

* o que explica a luta armada em que as mulheres têm um papel importante, tal como aconteceu durante dois anos com Anja Flach...
Lisboa, MAS, 29.06.2018

29.6.18

O rolo compressor

Nos últimos dias, o rolo compressor das perguntas e das respostas tudo tem feito para justificar o injustificável, para esmagar a nulidade do processo de aprendizagem.
Estou no ponto em que as evidências deixam de ser evidentes.
Há, porém, umas tantas que eu não vou conseguir esconder debaixo do alcatrão...

28.6.18

Em bicos dos pés

O presidente Marcelo não resistiu! E lá deu uma lição ao presidente dos Estados Unidos - imaginou-se Vasco da Gama perante o rei de Melinde! - dando-lhe conta da grandeza da obra portuguesa no seu máximo esplendor atual expresso no número de emigrantes e na grandeza do Cristiano Ronaldo…
Fê-lo com ironia para que os portugueses entendam a nossa superioridade inteletual, fazendo crer que o presidente Trump não entenderia a saloiice da conversa … e nós aplaudimos com a bênção de Putim…