28.3.19

A política da miséria

«Quem não sabe encontrar causas, gosta de encontrar culpados.» Viriato Soromenho-Marques, Portugal na Queda da Europa, pág. 119

Antero de Quental soube identificar as "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares". Punha de parte a política ultramarina e apostava no federalismo ibérico...
Até à data, a União europeia não soube (ou não quis) apostar no federalismo da União. Nós embarcámos sem avaliar as consequências... mas elas são evidentes: 
  • Remunerações de miséria.
  • Dependência absoluta da política de crédito.
  • Incremento de todo o tipo de subsídios com o inerente clientelismo, familiar ou outro, pouco interessa.

27.3.19

A perseveração

perseveração - manifestação de inércia mental que se traduz pela sustentação de uma forma de atividade quando uma forma diferente deveria tê-la substituído. (Porto editora)

São 10 horas!
O corpo move-se lentamente na galeria; latejante, a cabeça procura na névoa ocular uma explicação fisiológica - bem sei que existe um diagnóstico de  maculopatia da idade… 
No entanto, perseverante, procuro a causa fora do cérebro. Encontro-a no Dicionário, no verbete acima.
Confronto a definição com o que se passou nas duas horas anteriores e com o que se irá passar nas horas seguintes. Em cheio!
Em tempo de inclusão, só me resta ser contemporâneo…

26.3.19

Os figos de março

Os figos de março começam a amarelecer. 
Resta saber se estão com pressa de amadurecer ou se simplesmente já estão a definhar.
"Tanta vida" é expressão frequente de iniciativa, de dinamismo, de entusiasmo e, depois, inesperada a notícia da morte serôdia, injusta…
Mas porquê, se os figos despontam tantas vezes fora de tempo… 

25.3.19

Uma figueira extemporânea?

Estamos em finais de março! E a figueira carregada de figos parece estar ali plantada para chamar a atenção para o desnorte do Tempo que, benévolo e irónico, insiste em trocar-nos as voltas…
Há quem pense que este fervor da figueira é uma consequência das alterações climáticas. Por mim, este argumento é inconsistente.
Por mais que façamos, o Tempo (o que nos governa ou nos devora) ora é cruel ora é magnânimo para que não esqueçamos quão efémeros somos e, sobretudo, que estamos à sua mercê…
Entretanto, esperemos que o Tempo não nos dê cabo dos figos lampos.

24.3.19

Aprender com as térmitas

Aprender com as térmitas
Vus à hauteur d’homme, les termites ne sont rien d’autre que des petits êtres nocifs : de médiocres fourmis blanches, tout juste bonnes à dévorer nos charpentes et à nourrir d’autres insectes. Mais qui s’est rendu un peu plus au Sud, sur le continent africain, et a admiré les cathédrales de 6 à 8 mètres érigées par certaines colonies pour y cultiver les champignons dont elles se nourrissent, abandonne immédiatement tout mépris.(…)
Pois é, parece que o nosso desprezo quase instintivo não passa de soberba precipitada… Os nossos sentidos, embora essenciais, revelam-se fonte de enganos. A nossa pressa de vencer derrota-nos a cada momento…
(…) De manhã, dois mestres concordavam na ideia de que conquistar países é uma caraterística humana. Nem sequer punham a questão em termos de necessidade de alargar o território…
A cegueira humana é desesperante. Veja-se o caso do Reino Unido que insiste em arrastar o processo "brexit" até à véspera das eleições parlamentares europeias… Quem é que pode confiar na lucidez humana?
Talvez as térmitas nos possam ensinar a resolver as nossas idiotices…


23.3.19

Neste terreiro de papel

Aqui estou eu a descer e a subir páginas, sem me cruzar com qualquer marquês nem respirar o carbono da avenida, dita, da liberdade… 
No centro da página, não há vestígio de imperador - apenas súbditos - e nas margens, vão-se acumulando hieróglifos vermelhos em perda de intencionalidade…
No paço, apenas o cavalo, apeado, por força de uma austeridade cuja origem continua encoberta, porque, à época, o que interessava eram os fundos de coesão.
De qualquer modo, neste terreiro de papel, o futuro parece esconder-se numa linha invisível pronta  a sumir-se com ou sem palha…

22.3.19

Esta notícia só pode ser falsa

Uma notícia fere-me a vista.

Cerca de 23 mil euros (18,943,20 euros + IVA) foi quanto custaram a mesa de reuniões e as 22 cadeiras que o gabinete do ministro de Educação adquiriu.
Espero que o senhor Tiago Rodrigues não tenha sido ouvido nem achado na decisão. Seria paradoxal caso ele tivesse encomendado tal mobiliário para o seu gabinete, já que, até ao momento, o ministério da educação tem sido governado pelo ministério das finanças. 
Em matéria de gestão do orçamento, o senhor ministro tem sido tão cumpridor e submisso que provavelmente a notícia será falsa.