18.4.19

Mais perto do chão

Nada tem avançado, mas dizem-me que estou mais perto.
Talvez por isso, hoje decidi aspirar a casa. O Kirby foi contemplado com dois novos acessórios, o que me levou a querer pô-lo à prova. 
A publicidade diz que o Kirby é o Ferrari dos aspiradores! Pensa-se que com ele 'tudo será mais fácil, tudo será mais rápido, mais leve', mas, no meu caso, não tendo recebido formação - na rua dos Soeiros, Lisboa, propuseram-me umas aulas para melhor manuseamento do protótipo - acabei derreado…
Estou mais perto do chão… Porém, não estou só! 
Ainda ontem, ouvi que a Ilha da Madeira não dispunha dos sacos funerários necessários, apesar dos milhões gastos em fogo de artifício no Funchal.
Em 2018/2019, foi estabelecido um novo recorde madeirense, com mais de 174.000 fogos de artifício lançados com um total de 26 toneladas de explosivos.

17.4.19

Não se incomodem!

Uns pagam o mínimo possível e ninguém lhes põe a vista em cima.
Outros são mal remunerados, são manipulados… dizem o que lhes mandam: todos adoecem, têm família, e nesta páscoa querem um futuro melhor; na próxima logo lhes dirão o que fazer…
O governo zela pelo cumprimento da lei da greve, mesmo que esta afecte sectores vitais da atividade económica, da vida doméstica - os indicadores apontam todos na mesma direção: não incomodar o capital, público ou privado.


16.4.19

Oremus pro nobis!

Dentro de cinco anos, a catedral de Notre Dame estará restaurada. Os milhões de euros necessários não faltarão. Os ricos já estão a reservar o lugar na catedral e no céu, e os pobres também querem ajudar para garantir a vida eterna… 
Cá nesta vida, daqui a cinco anos, as vítimas do Ciclone Idai já terão morrido ou continuarão sem habitação, sem pão, sem educação, sem os devidos cuidados médicos...

15.4.19

A Catedral

«Toda a emoção verdadeira é mentira na inteligência, pois não se dá nela. Toda a emoção verdadeira tem portanto uma expressão falsa. Exprimir-se é dizer o que não se sente.» Álvaro de Campos

A catedral arde em Paris.
Não resiste à voragem do fogo e, provavelmente, à imperfeição humana, para lhe não chamar incúria ou mesmo malvadez…
A hora é de emoções para muitos.  A hora é solene para uns tantos… mas, neste caso, fingir (não) é conhecer-se…

«Os cavalos da cavalaria é que formam a cavalaria. Sem as montadas, os cavaleiros seriam peões. O lugar é que faz a localidade. Estar é ser. // Fingir é conhecer-se.»

14.4.19

D. João III em Portalegre

Nunca gostei muito do D. João III! Sempre o associei a uma inflexão negativa do rumo político, em que o homem se viu obrigado a submeter-se à Igreja mais conservadora e inquisitorial…
De qualquer modo, em 1550, elevou a vila de Portalegre a cidade… e pela observação que pude fazer ao percorrê-la, na segunda metade do século XVI, havia suficiente riqueza para edificar um vasto património, consolidado nos séculos seguintes, mesmo durante a ocupação vizinha…
Não sei se a Contra-Reforma já foi extinta nestas terras, tantas são as extensões de terra de tão poucos proprietários. 
Os Cristos de José Régio, por outro lado, despertam em mim a ideia de que o colecionador, mais do que um penitente, era um libertador das mentes retrógradas que por ali habitavam, resignadas e submissas.

13.4.19

Da criação do José Régio

Ainda há quem viva noutro país - o atual está cheio de sinais de proibição! - entre a igreja e o pasto. Hoje, é mais pasto para turista consumir! 
As ruas são íngremes e estreitas, com memórias restauradas para forasteiro ou, então, em ruína com promessa de requalificação para gentes que hão de vir de fora…
Também eu pareço ser da criação do José Régio - os sinais multiplicam-se como se eu  continuasse a viver noutro tempo…
Só a pé consigo dar conta desse tempo … O problema é que para o conseguir, necessito do silêncio monástico que me está, de todo em todo, interdito.
Ao visitar a Casa Museu de José Régio, pensei que os professores, a partir de 1927, em Portalegre, deveriam ser muito bem remunerados… No entanto, sei que a explicação terá que ser outra… a começar pela ignorância dos campónios…