14.9.20

O vírus da incerteza

Portugal Continental vai estar em situação de contingência entre 15 e 30 de Setembro... (As ilhas têm o seu próprio estatuto…)

Ora se contingência significa incerteza ou significava, isso quer dizer que pouco vai mudar: tudo se resume em viver com o medo de ser apanhado ou em arriscar permanentemente, desafiando a racionalidade...

Verdade seja dita que a segunda atitude parece querer vingar, pois até os cientistas sociais se manifestam contra a educação cívica e democrática. 

A educação é, por estes dias, o novo vírus que é preciso combater em nome de uma outra ideia de liberdade que definitivamente deixa de fora a fraternidade... porque ou se nasce cidadão ou ...

12.9.20

Não poder dizer NÃO!

Nas atuais circunstâncias, ver um Primeiro-Ministro integrar a Comissão de Honra do Senhor Luís Filipe Vieira,  é triste! 
Independentemente do passado poluto ou impoluto do Senhor, aquilo a que estamos a assistir é indecoroso: o desperdício de dinheiro na contratação de treinador e de jogadores ofende não só os benfiquistas, mas também todos aqueles portugueses para quem o futuro dificilmente sorrirá.
Espero que o Senhor António Costa não tenha ficado preso na rede que foi tecendo enquanto presidente da autarquia lisboeta…, não podendo, agora, dizer NÃO.

11.9.20

Matar a memória


Há quem necessite de confessar, mas longe do confessionário, sabendo todavia que esse é o único lugar onde a partilha está favoravelmente proibida - uma confissão sem auditório! 
No entanto, esse lugar apaziguador não serve de nada, porque deixou de se acreditar no perdão divino e se  teme, em simultâneo, a condenação dos homens incapazes de analisar as situações… Homens sem ou com demasiada memória!

Por isso mais importante do que enterrar o passado é preservar a palavra, é não a partilhar…

8.9.20

A alga

 






Arrancada ao mar, a alga jaz na praia. Desafiada pela sombra, não resiste, porque espera uma onda que a devolva à origem e a liberte da intrusão…
A onda levou o Vicente Jorge Silva e eu vejo-me mais pobre, porque sempre apreciei a sua forma de pensar, a sua coragem… o seu combate contra os tiranetes.
Enquanto a onda não regressar, vou continuar a ler, mas vai ser difícil encontrar quem ainda saiba pensar, quem ainda saiba combater os tiranetes nas ilhas e no continente...

5.9.20

Com ponte


Para que serve a ponte, se mais não fazemos do que repetir as mesmas frases, sem ter consciência de que vivemos num rio de equívocos?
Atravessamos o rio, mas ignoramos o tabuleiro. Podemos até valorizar o veículo, indiferentes à água que banha os pilares; preferimos as caravelas que se erguem dos telhados de Lisboa…
Metálicas, as caravelas já não reparam nos corvos, absortas que andam com lugares que de tão comuns só servem para destruir as pontes…

2.9.20

A Lua


Hoje, pensava escrevinhar sobre a melancolia em idade avançada, e na tendência para exaltar experiências vividas ainda não há muito tempo…
Escrevinhar sobre o afastamento do 'aqui-e-agora'- e da tristeza inerente com a inevitável condenação do presente…
Todavia, esse estado decadente pode ser mitigado, desde que estabeleçamos um objetivo prático - a lição é do velho Freud!
Eu, por exemplo, resolvi estudar alemão. A sério! Quero ler o original e não sentir que estou a ser traído…
Só que a Lua decidiu interromper-me as toscas ideias.
Ela lá saberá porquê!