24.9.20

Quem anda à chuva...

Quem anda à chuva, molha-se... E há quem goste! 
Gostos não se discutem.
O provérbio dá conta da experiência popular, provavelmente daqueles que souberam abrigar-se. 
No entanto, nesta pandemia, a experiência esfuma-se: Há cada vez mais idosos que insistem em expor-se, sem qualquer necessidade…
E o mais preocupante é que a experiência parece estar a ceder o lugar aos «espertos» que saltitam de galho em galho à espera do momento oportuno para deitar a mão às sobras...

22.9.20

No outono ainda não estamos sós

Por muito que escureça, por muito que nos queiram confinar, não estamos sós...
Claro que há uns que proclamam que somos vítimas da conspiração da ciência com os politólogos, e outros que pensam que o melhor é encerrar de vez o planeta... desde que possam continuar a gozar a vida.
Bem sabemos que só os outros é que morrem, mas isso pouco pesa... Na primeira pessoa, os mortos perdem a voz e por isso é melhor não olharmos à nossa volta, mesmo que a vida germine sob as nossas idiotices...
Se os próprios bispos temem os efeitos da educação para a cidadania, partindo do princípio que ainda não perderam a razão, então alguma coisa de muito errado estará a acontecer às convicções que, tradicionalmente, suportavam a sociedade...
De qualquer modo, a esperança mora em qualquer jardim que atravessemos. E se estivermos atentos, a coragem não nos faltará.

20.9.20

Em setembro

A instabilidade não existe na natureza. Nem sequer existem regras... Nós é que as criamos, e ao fazê-lo, abrimos a porta ao medo e à loucura. 
Em setembro, os gansos do Nilo reproduzem-se, alheios à ciência, mas mudam de plataforma sempre que o predador espreita…
Nós, no entanto, incapazes de detetar o inimigo, desrespeitamos as regras que fomos criando, como os loucos que partem para o campo de batalha à espera de vencer os ventos...
Vigilante, o ganso sabe que o futuro da espécie depende da sua vigilância.
E nós?

19.9.20

O apelo

Apelar à responsabilidade individual fica bem, mas não convence, sobretudo quando o apelo vem de quem tem dificuldade em compreender que nem sempre a esfera privada é distinta da esfera pública. 
Saltar de uma esfera para a outra é uma tarefa arriscada, porque os amigos são para as ocasiões.
Neste país, há tantos amigos à espera de uma oportunidade!
Por outro lado, ser responsável pressupõe distanciamento... 

18.9.20

'O rigor' de António Costa

Para o evitar o crescimento da pandemia — já que "o vírus não anda sozinho" —, é necessário, segundo o primeiro-ministro, seguir cinco regras fundamentais: “Temos de travar a pandemia por nós próprios”, afirmou António Costa, destacando 5 regras fundamentais: usar máscara "o mais possível e obrigatoriamente sempre que necessário", manter a higiene regular das mãos, respeitar estritamente a etiqueta respiratória, manter o afastamento físico e utilizar a aplicação Stayaway Covid.

Parece simples, mas não é! 
Estamos a necessitar de ajuda na travagem da pandemia. Ajuda das forças da ordem, que não podem continuar a fechar os olhos perante situações de clara infração das regras, por desconhecimento, por irresponsabilidade ou por desafio.
Estamos a necessitar de coragem para clarificar que a máscara é obrigatória, não deixando a sua utilização ao critério de cada um…
E sobretudo, não precisamos que nos venham dizer que uma aplicação é meio caminho para a solução, porque não há nenhuma evidência de que o seja...
É preciso ser muito mais rigoroso no controlo das deslocações, das entradas e saídas das escolas, dos lares, das igrejas, dos hospitais, dos locais de trabalho...
O senhor primeiro-ministro sabe muito bem que as regras, por si, não bastam. É preciso vigiar a sua aplicação. 
E depois, há regras que o não são, e que não passam de pura propaganda… 
E já agora o vírus não anda nem sozinho nem acompanhado! Nós é que o transportamos e propagamos!

17.9.20

A rapaziada


 Lisboa, Campo Pequeno, 18 horas.

A rapaziada convive ao som de músicas periféricas. Não sei se estes jovens já foram à escola ou se, simplesmente, fizeram gazeta…

De qualquer modo, não parecem preocupados - o tempo para eles é de alheamento, sem contemplação... nem comprometimento.

16.9.20

O recolhimento das almas


 
Da morte, prefiro a imagem da vida, por mais imprecisa que ela possa ser. E agrada-me a ideia de que a alma se liberte da morte e, ao cair da noite, se recolha na árvore mais próxima, mesmo que o lugar seja numa área de serviço, na margem da A1.
Com o despertar do dia, as almas podem seguir o seu caminho, trocando as voltas à morte... e pouco importa que a imagem vá ficando indistinta.