6.1.21

3 graus

 

Leiria
Faz frio, mais do que o habitual. O rio é outro! Mesmo que a imagem tenha sido capturada noutro dia, não tenho notícia que a neve o cubra, ao contrário de outros lugares, distantes, onde os corvos não param de voltear - pelo grasnido os reconheço…

Dos candidatos a PR não sei que dizer! Grasnam sobre a presa descuidada, à espera de lhe tomar o que resta da alma - o que, como é sabido, é o nada…

Não fosse a carcaça, e os corvos já teriam retirado…

Os números não enganam - nunca pensei tal dizer! Os velhos, com este frio e com estes corvos, estão condenados a morrer… a morrer, absurdamente.

O resto é  propaganda! 

4.1.21

8 graus

 

Leiria
Não nevou! Choveu noutro lugar qualquer. No alto ventou um pouco…

Movimento, só nas rotundas. Parece que servem para afunilar… e para glória de suas excelências…

Brigadas sob os viadutos silenciosos. Esperam os aceleras incautos!

As notícias insistem na mentira do ministério da justiça por causa do currículo do senhor Guerra. 

E eu a pensar que o responsável pelo currículo era o procurador…

2.1.21

Ponte sem serventia

 

De que me serve esta ponte? E todas as outras pontes para que servem por estes dias?

Do lado de cá, percorro a margem a pensar na inutilidade da travessia.

Por perto, a fila de carros cresce à procura de uma prova de que os excessos da quadra não despertaram o monstro que se esconde em cada toque, em cada gotícula inadvertida…

 A crença no efeito salvífico de um teste... substitui o Circo, obrigado a refugiar-se, inútil, na outra margem. 

1.1.21

Cedo a palavra

 

Foto de Daniel Gomes

Correm turvas as águas deste rio,
que as do Céu e as do monte as enturbaram;
os campos florecidos se secaram,
intratável se fez o vale, e frio.

Passou o verão, passou o ardente estio,
umas coisas por outras se trocaram;
os fementidos Fados já deixaram
do mundo o regimento, ou desvario.

Tem o tempo sua ordem já sabida;
o mundo, não; mas anda tão confuso,
que parece que dele Deus se esquece.

Casos, opiniões, natura e uso
fazem que nos pareça desta vida
que não há nela mais que o que parece.

Luís Vaz de Camões

30.12.20

2020


Avenida da Igreja

 Ainda não foi em 2020 que aprendi a "fazer uma fotografia"! Mas já estou a tratar da dificuldade - comecei a estudar a obra do Alexandre Barão, Fotografia com Câmara Digital e Smartphone"...
Passei metade do ano a ler os dois volumes de Pensar o Mundo, de Manuel Maria Carrilho. Diga-se, a talhe de foice, que o filósofo tem razão no diagnóstico que faz do estado da nação e que, se fosse lido e ouvido com mais atenção, provavelmente este país poderia ter sido governado por gente menos ignorante, menos carreirista e amiga do alheio.
Passei outra metade, a estudar Alemão para contrariar a ideia de que burro velho não aprende línguas… e começo a pensar que a sabedoria popular não erra… De qualquer modo, os neurónios continuam ativos, o que já é motivo de satisfação.
Em matéria de caprichos, continuo com este blogue, dando conta de ideias, certamente inúteis, que mais valeria calar, mas que fazer?
Na verdade, 2020 foi o ano da minha aposentação, iniciada no dia das mentiras, mas coincidindo com um facto que nos fechou a sete chaves - talvez menos! - o que bem visto nem foi assim tão difícil! Para mim claro, pois, passei metade da adolescência a atirar bolas contra a muralha fernandina que, à época, me cercava. Com ou ou sem vírus!
Para 2021, nada antecipo, porque a realidade é quem mais ordena e eu pouco voto tenho na matéria. Fica dito!

28.12.20

Não sei porquê

Cruzeiro Seixas
Não sei porquê, mas o quadro que despertou a minha atenção foi este. Talvez, porque o Surrealismo português foi e continua a ser, em grande parte, literatura.
Uma literatura específica, empenhada em desfocar a realidade, procurando, através de associações inesperadas, questionar a ordem vigente…
Uma literatura vítima do poder, que dele se propôs escarnecer.., mas que raramente o conseguiu incomodar… (ideia controversa!)
Vale, no entanto, a pena visitar a exposição Fazedor do Nada Perfeito, até 30 de Dez. 2020, na SNBA. 

26.12.20

Mais valia

L'abbé Dinouart

                                                                        
Mais valia que aprendêssemos o silêncio antes de começar a barafustar a torto e a direito…
Parece que o primeiro-ministro deveria ter prometido,  para 2021, o que sabe, de antemão,  não poder cumprir.
Creio que ainda não percebemos que a mentira não nos tira do pântano em que nos vamos afundando. Se, em 2021, António Costa conseguir assegurar as necessárias vacinas e estas nos livrarem da ameaça que nos fustiga, já teremos razões de sobejo para festejar…