18.3.22

O sentimento de urgência

Quando este sentimento desponta, isso significa que os dias estão contados, e que é fundamental prestar atenção ao modo como usamos o tempo. 
Ideia barthesiana, talvez, mas útil para quem compreende, traumaticamente ou não,  que já não tem muito tempo para iniciar uma vida nova.
Claro que, na maioria dos casos, os projetos ficam inacabados, se alguma vez iniciados... No entanto, há uma história que fica, satisfatória ou não...

Aquilo que hoje me preocupa é que a invasão russa não só veio modificar o sentido do 'sentimento de urgência', como, sobretudo, veio aniquilar o direito à esperança de milhões de ucranianos a quem não é dado tempo para crescer na sua terra e para a viver à sua maneira.

E nós aqui sentados, a queixarmo-nos...

15.3.22

Como se houvesse amanhã

Prometemos encontrarmo-nos mais tarde, um destes dias ou, até, no dia do Juizo final... Para quê?
Conhecemos a verdade, mesmo que a crença seja inabalável, e, como tal, as declarações de reencontro são uma formalidade para  exorcizar os nossos medos...
Sempre que alguém nos escapa - agora, foi o Jorge -, percebemos que o fim pode chegar, anunciado ou não.

O melhor que temos a fazer é não adiar, como se houvesse amanhã...

12.3.22

É um ser, mas não é humano.


É um ser, mas não é humano. 
À força de querer esmagar o inimigo à porta de casa, só dá razão às suas vítimas na própria Rússia.
Da sua cobardia faz força desmesurada e cega, primeiro na Ucrânia  e depois será tarde...

Entretanto, não se compreende do que é que a NATO está à espera para o atacar no seu covil.
(Não me digam que desconhecem o paradeiro do monstro!)
No entanto, a sua hora soará, mesmo que se se refugie no bunker mais profundo dos Urais.


9.3.22

Argumento safado

 

(A flor e o insecto completam-se!) Infelizmente, a perspetiva humana é bem distinta. 

Numa guerra, como a que a Rússia move contra a Ucrânia, o mais forte procura esmagar o mais fraco com o argumento safado de que o inimigo é a NATO. 

Ora, se tal é verdade, porque é que a Rússia não desafia abertamente a NATO?

Simplesmente, porque a guerra passaria desenrolar-se no território da Federação Russa... alastrando a toda a Europa.

Mesmo assim, andam por aí uns tantos idiotas, desejosos de um extermínio global, convencidos de que escapariam de uma guerra nuclear... 

A este propósito, decidi-me a reler O IDIOTA, de Dostoievski, mas sem grande proveito até ao momento, a não ser que a 'alma russa' vive mergulhada numa artificiosa idolatria.

7.3.22

Reflexo do momento

 

O registo fotográfico não obedece a nenhuma imposição. Foi um reflexo do momento...
No entanto, há sempre alguém que gosta de comentar. Foi o caso de um indivíduo mais ou menos da minha idade que decidiu interpelar-me jocosamente sobre o objetivo do meu ato.
Ouvi e voltei a ouvir a interpelação, só que hoje não me apeteceu responder.
Tenho como princípio não responder a provocações e estou cada vez mais convencido de que essa é a melhor forma de evitar conflitos.

Na guerra, nem a natureza escapa à fúria dos tiranos. E estes nascem facilmente das pedras...

3.3.22

Não se dialoga com o tirano

 

A invasão da Ucrânia pela Rússia é, antes de mais nada, um ato que não pode ser atribuído apenas à loucura de um indivíduo.

Na sua retaguarda movem-se muitos interesses e acorbardam-se muitas populações.

Centrar a atenção no tirano é a forma típica de desresponsabilização a que História já nos habituou, e que acaba em catástrofe.

Por outro lado, dizer, privada ou publicamente, ao tirano que, enquanto o exército invasor se mantiver no território da Ucránia, nenhuma ação militar será levada a cabo para o depor, é uma enorme insensatez.

Não se dialoga com o tirano porque este não tem qualquer respeito pela humanidade. Não se aperta a mão ao tirano. Não se pronuncia o nome do tirano...

24.2.22

O que fazer com 100.000 homens?


Deixá-los à míngua não seria boa ideia.

Só a vertigem os ajuda a compreender o que fazem na fronteira. Não a ultrapassar seria um suicídio. Por isso avançam confiantes da sua razão aniquilidadora - vieram ao mundo para destruir e nada os irá impedir, pensam os 100.000 homens conduzidos à linha da frente, sem perceber que, nas suas costas, já foram descontados...

Do lado de cá, o esplendor das noites mal dormidas, fazendo de conta que os 100.000 homens, um destes dias, regressarão a casa como se nada tivesse sido destruído.
2.
Avisam-me que são 200.000 homens, o número pouco importa... Bom seria saber se são, de facto, homens... prontos a matar outros homens...
3.
Não sei bem se os tais 100.000 homens já se aperceberam que também eles podem ser mortos ou se a vodka lhes destruiu os neurónios, a não ser que as sinapses já sejam descartáveis...
4.
Para além dos 100.000 homens, há outros homens que atravessam a fronteira com o objetivo de reportar a guerra. No entanto, falam sobretudo de si... Porque será?
5.
100.000 homens atravessaram a fronteira, sem saberem para onde se dirigem, mas avançam. Cumprem ordens, pouco lhes interessa o resultado da travessia... Muito os homens gostam de cumprir ordens! Desculpa antiga.
6.
100.000 homens continuam a avançar para Kiev e nós a assistir... A quê? Preferimos contemplar a destruição a agir.