16.8.25

Por este andar...

  

Parece que a Inteligência Artificial já aprova ou desaprova os textos da Inteligência Humana. A sintaxe e o léxico deixam de poder desviar-se do padrão e do estereótipo. Qualquer indício de criatividade é rejeitado porque não cabe no critério do 'uso'...
A pesquisa está cada vez mais condicionada pelo filtro da I.A., validando a pressa que nos move... Por este caminho, pensar deixa de ser uma necessidade porque abdicámos, de vez, de ser livres.
Por este andar, pouco falta para que fiquemos ancorados, a enferrujar ou a arder no perímetro de um qualquer incêndio.
E se, finalmente, nos dessemos ao trabalho de abrir acessos e de limpar os matos que nos infestam a vida.

12.8.25

Ganha pão

 

Enquanto me debato com o calor e com o cansaço, ainda por explicar, percorro, como se caracol fosse, as ruas da Baixa lisboeta...  E não posso deixar de observar os múltiplos grupos de turistas que se vão formando a cada esquina, escutando atentamente a 'palavra' de cicerones de várias nacionalidades  que contam, à sua maneira, a história de cada placa toponímica, de cada praça, de cada edifício, de cada pilastra... Tudo em tom de rosário desfiado velozmente, não vá a canícula dar cabo do ganha pão do dia...
Da ciência, desconfio, mas que importa: outros valores vingam por toda a parte...

9.8.25

Na avenida dos Ciprestes

 

Estou a ler alternadamente a obra completa de Balzac e a Biografia de Herberto Helder "Se eu quisesse enlouquecia", de João Pedro George...

De comum, a irracionalidade da ação humana, tanto coletiva como individual. De certo modo, o que assoma é a procura da satisfação dos instintos, independentemente do que os padrões de cultura possam sugerir... Umas vezes em nome de uma arte diferenciadora, outras de uma justiça niveladora...

Talvez por isso já não me espantem os argumentos que condenam os imigrantes e os estrangeiros, tal como os argumentos expansionistas de Israel, da China, da Rússia e dos EUA.

No Café da Paz balzaquiano, só havia gritaria e nuvens de moscas...
Por aqui, na Avenida dos ciprestes, sopra uma ligeira brisa...

3.8.25

Degradante

Kaja Kallas, Alta Representante da União Europeia para os Negocios Estrangeiros,  escreveu nas redes sociais

«As imagens dos reféns israelitas são aterradoras e demonstram a barbárie do Hamas. Todos os reféns devem ser libertados imediata e incondicionalmente.»

De facto, Israel deve deixar de exterminar o povo da Faixa de Gaza. E o Hamas dever entregar todos os reféns... No entanto, não é nas redes sociais que o caminho para por termo ao conflito pode ser exigido. O efeito é precisamente o contrário... 

Outrora, a discrição dos canais diplomáticos evitava a negociação pública, facilmente manipulável. O que parece é que a União Europeia prefere o populismo das redes sociais, porque, afinal, o que está em causa é o futuro pessoal e político dos dignatários...

Ao escolherem as redes sociais para emitir opiniões ou, mesmo, para comunicar decisões, os políticos estão a degradar a ação política.

E nós vamos atrás!

29.7.25

As migrações são inevitáveis

 

BallinStadt - Museu dos Emigrantes Hamburgo.
Não faz sentido falar, aqui, deste Museu. A informação está disponível online. O que merece a pena é percorrê-lo, atentos ao imenso espólio da migração europeia para os EUA, dos finais do século XIX à Segunda Guerra Mundial.
As migrações são inevitáveis e, muitas vezes, são um fator determinante  do povoamento e do desenvolvimento económico.
O resto é maldade ou estupidez...

25.7.25

Cada vez mais longe ...

Desta vez, foram os Cabecinhos Brancos que mudaram de mãos, por meia dúzia de euros... 
Noutro tempo, o trabalho era árduo à beira da Serra de Aire... Havia horta, havia vinha e até uma seara, sem esquecer as figueiras, as oliveiras e as amendoeiras...
O poço foi secando... e o trabalho foi-se tornando inútil e empobrecedor...
O que fazer? Partir, esquecer... e envelhecer... até que o branco escureça.
Pode ser que os novos proprietários descubram por ali as "terras raras" por ora tão disputadas!

19.7.25

Se eu fosse um robot...

 

Ali, no fundo da piscina aspira continuamente até que o mandem concluir a tarefa. Pelo que observei não se cansa nem faz greve de zelo. De tempos a tempos, vem à superfície e limpa as paredes como se fosse uma lapa ... 
Começo a observação por volta das 19 horas e, no dia seguinte, lá continua, imperturbável, a operação de limpeza. Vem-me à ideia que o robot talvez seja perfeccionista...
Admiro-lhe a resiliência, gabo-lhe a saúde e não posso deixar de o invejar... agora que me canso cada vez mais e me queixo por dá cá aquela palha...

Entretanto, já não consigo comentar o que se passa... Por exemplo, porque é que se deixa construir a torto e a direito e, sobretudo, por que motivo não se remunera devidamente o trabalho, de modo a que as pessoas não acabem a viver em barracos ou na rua...
O problema não é de construção é de remuneração!