14.1.07

A minha torre do tombo...

The Straight Story (1999) de David Lynch, que voltei a ver, ontem, no Ciclo Como o Cinema era Belo da F. C. Gulbenkian, é um belo filme sobre a teimosia e a persistência de um velho de 73 anos, fragilizado pela osteoporose, que decide reconciliar-se com o irmão Lyle, igualmente velho e doente, a viver a mais de 500 km de distância - entre Lauren no Iowa e Mount Zion no Wisconsin.
Alvin, quase cego e a precisar de uma anca nova, amparado a duas bengalas, sem carta de condução e com pouco dinheiro, decide adaptar o seu velho e ferrugento corta-relva transformando-o numa "mobile-home", e fazer-se à estrada para espanto dos seus incrédulos vizinhos.
A viagem, a 5 Km/hora, naquela impossivel caranguejola, dá-nos momentos de ternura e bondade inesquecíveis e mosta-nos uma paisagem de searas ígneas deslumbrantes - o fogo purificador!
Apesar da inverosimilhança de algumas cenas, David Lynch inicia-nos na superação da fraqueza, do acessório e do medo. Prepara-nos para a morte apaziguante...
Para mim, esta revisitação do filme não deixa de ser perturbante, pois da primeira vez que vira o filme sei, hoje, que a força da emoção sentida me obrigara a escondê-la bem fundo, num recanto para onde atiro as emoções que me perturbam a razão.

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