8.1.07

Continuo sem subir ao cimo do monte Sinai...

O Último Papa (2004), de David Osborn Um romance que mostra de forma clara a intriga que corrói o Vaticano. Com a morte de Gregório XVIII, um papa humilde e amado pelos fiéis, os cardeais reunem nas caves secretas da Basílica para eleger o sucessor. A luta que se gera entre os candidatos coloca face a face o cardeal Mancini, italiano, manipulador da intriga cardinalícia, bem acolitado por figuras dúbias e menores, e o cardeal americano Ignatius Heriot, atormentado pelo desejo, pelo ciúme e pela raiva e, sobretudo, por sonhos e pesadelos que o tornam “culpado” de um crime que ignora, apesar de tudo fazer para descobrir a sua origem. Em pleno conclave, Ignatius, combate a calúnia recorrendo ao argumento de que a maioria dos presentes, a começar por ele próprio, são verdadeiros Judas e, que, consciente da sua traição, se propõe, caso sejo eleito, reformar a igreja católica de acordo com os “heréticos” ensinamentos do Padre John Zacharias, cuja palavra reformista começou a atrair centenas de milhares de disciplos nos Estados Unidos. Um romance de intriga, a que não faltam os temas tradicionais: homossexualidade; pedofilia; prostituição; corrupção. E lá se encontram também a Madalena (Francesca) e a Virgem ( a Irmã Jessica), sem descurar a secular questão do celibato, para além da cada vez menos consistente infalibilidade papal. Um romance que retrata uma Igreja Católica ensimesmada, longe da miséria em que lançara as suas raízes. Para David Osborn, a salvação dessa Igreja está nas mãos de Ignatius Heriot, Gregório XIX. Sintomaticamente, hoje, na Polónia, o novo arcebispo de Varsóvia, pressionado pelo Vaticano, pediu a demissão por, alegadamente, ter colaborado com a antiga polícia secreta comunista. Mas quem sou eu para julgar a Igreja? A mesma igreja que em tempos me aconselhou a clarificar as minhas dúvidas sobre a consistência dos argumentos que ela diariamente me apresentava. Ainda, hoje, continuo sem subir ao cimo do monte Sinai …

Sem comentários:

Enviar um comentário