(Se eu bem compreendi o Professor Jorge Ramos do Ó, os primeiros moinhos são coevos da minha infância, e os segundos contemporâneos da minha adolescência – construção da Escola, em particular dos Liceus. Perante o adiamento da idade da reforma, pareço condenado a nunca sair da adolescência!)
Outrora, aos 10 anos, a criança ao entrar no mundo do trabalho tornava-se de imediato adulta. Uma criança adulta, incapaz de se adaptar à mudança tecnológica, ao ritmo exigido pela produtividade…A Escola pública do início do século XX resulta da necessidade de produzir um proletário mecânica e moralmente adaptado às novas necessidades de produção. Deste modo, foi criado um longo período de aprendizagem cujo termo significava, para quem o superasse, a entrada no mundo do trabalho, devidamente formatado e moralmente adequado.
Esta engrenagem mecânica e moral apostou na adolescência para dar corpo às juventudes fascistas e comunistas que nos campos de batalha cometeram as maiores atrocidades em nome da superioridade da raça ou da classe. Durante muito tempo saiu-se da adolescência para o campo de batalha, criando a ilusão que o trabalho nunca faltaria a quem a Escola acomodasse para a vida activa.
Se houver coerência neste meu raciocínio, Jorge Ramos do Ó terá razão ao afirmar que na Escola nada mudou nos últimos 100 anos. Não mudou a Escola mas mudou o Mundo. A organização, disciplina e conteúdos propostos pela Escola já não são necessários, sobretudo desde que a escolaridade se tornou obrigatória (4, 6, 9, 12 anos).
Chegámos a uma encruzilhada, em que ou alargamos a escolaridade até aos 35 anos e, consequentemente, a adolescência, ou encerramos as Escolas e o respectivo paradigma. Às portas do caos, acabaremos por medir forças mais uma vez, a não ser que o planeta ponha fim à aventura humana.
Sempre gostei de moinhos , desde o moinho do D. Quixote ao simples moinho de puxar água que via nos quintais, mesmo na Lisboa antiga. Agora estamos na era dos moinhos de energia eólica, verdadeiros gigantes a dominar as montanhas. Como não nos reformamos tão cedo, ficamos a ver os moinhos passarem, a admirar-lhes a forma...É uma forma de passar o tempo! I.G.
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