«A ilha saturada de água ressuda agora em fontes, cascatas e ribeiros, cujo murmúrio ouvido no jardim, como um solo de flauta modulado a distância, os melros acompanham briosamente chilreando em coro.
Mas o que ia no céu não eram meras combinações ornamentais; as nuvens davam ali espectáculos ordenados, de acessível compreensão, como depressa verifiquei. Comédias e tragédias e autos e farsas.»
Manuel Teixeira-Gomes, Cartas Sem Moral Nenhuma (XIII).
Comentário: As palavras têm 100 anos; as imagens apenas 6. Todavia, a cor e a harmonia são da mesma idade. E só o artista consegue dar conta desse tempo que poderia ser agora, não fosse a cobiça e a rudeza do aluvião humano.
Por enquanto, acordo cedo para ouvir o chilrear solitário do melro que mora na palmeira em frente…
/MCG
Sem comentários:
Enviar um comentário