28.5.21

Talvez não!

Vivem na confusão dos dias e das noites, sob a exigência de pílulas que criem a escuridão absoluta. Paradoxalmente, as pílulas despertam os sentidos e desregulam as palavras, tornando-as significantes inócuos…
Por enquanto, as palavras vão fazendo ricochete nos dias. Nada resolvem, apenas agridem.
A esta hora da noite, o Sol brilha intensamente, mas tudo é como se se tivesse retirado definitivamente… o que traz ao palco cenas de mutismo e de zelos inesperados… resignados. Talvez não|!

(A avó que sofre o silêncio do avô. A mulher que, finalmente, se retira da vida do marido, negando-se a entrar no cemitério… O velho que se agarra às tábuas do chão do quarto, ou a velha que, de tanto manipular, acaba nas mãos do silêncio acusatório dos filhos. Ou ainda aquela tia que proíbe a criada de informar os familiares da respetiva morte… a não ser que se tratasse de um caso de polícia que ninguém mandou investigar.)

Por agora, o melhor é desligar os telemóveis!

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