23.1.22

A REBELIÃO, Josep Roth

Andreas Pum, servidor de Deus e da Pátria, apesar da perda de uma perna em combate durante a Primeira Guerra Mundial, enfrenta os desaires da vida, convencido de que a Justiça e a Autoridade o protegem e lhe reconhecem o sacrifício...
O romance desenvolve-se, no entanto, não como comprovação das ilusões de Andreas Pum, mas como desconstrução da Fé do protagonista na ordem moral do mundo, o que tem como consequência uma atitude de rebeldia já que nem o Governo nem Deus se interessam pelos 'justos' deste mundo:

«Da minha inocente humildade, acordei para uma insubmissão vermelha, rebelde. Gostaria de Te negar, Deus, se fosse vivo e não estivesse diante de Ti. Mas, como Te vejo com os meus olhos e Te oiço com os meus ouvidos, tenho de fazer pior do que Te negar: tenho de Te injuriar! Na Tua fecunda falta de sentido, Tu geras milhões dos meus semelhantes, estes crescem, crentes e resignados, sofrem golpes em Teu nome, saude imperadores, reis e governos em Teu nome, deixam que as balas lhe abram corpo feridas que criam pus...» Joseph Roth (1894-1939), A Rebelião, 1924.

Infelizmente, aqueles que sacrificam a Deus e à Pátria, aqueles que apostam na educação das novas gerações, aqueles que cuidam da saúde dos concidadãos, morrem revoltados, tal como Andreas Pum... e já entrámos em 2022. 

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