21.1.23

A suspeição

Se duvido é porque suspeito.
Outrora, suspeitava-se que andávamos a ser enganados, por isso se procurava com tanto afinco a verdade… e a ciência ajudava, ao contrário da teologia.
Hoje está na moda duvidar de todos aqueles que, de algum modo, têm de agir. A suspeita bate-lhes à porta, mesmo que não lhes tenha passado pela cabeça deixá-la entrar.
A honra morreu sem que nos tivéssemos apercebido ou, então, anda perdida no areal da suspeição.
O pior é que há quem seja pago (e bem pago!) para lançar o boato, o mujimbo… ao abrigo do direito de supor que, dizem, ser a nova forma de pensar... e de inculcar a desinformação.
Há quem seja pago para criar o caos informativo - os mercadores da mentira; os engenheiros do caos... Lembro, entretanto, que já José Rodrigues Miguéis, noutros tempos menos caóticos, assinava uma coluna no Diário Popular chamada a 'programação do caos'...
Asseguram-me que, nas redes sociais, a narrativa de desinformação tem uma potência de fruição / circulação 70% maior do que uma informação credível.
Por este andar, vou continuar a duvidar de tudo e de todos. Se me virem por aí de lanterna na mão durante o dia (e a noite) é porque decidi seguir o exemplo de Diógenes, o cínico...
Finalmente, começo a acreditar que a suspeição não passa de uma serva da alusão… ainda a procissão não saiu do adro!

Sem comentários:

Enviar um comentário