A figura cobre a guerra, a religião, a cor, a seca, a chuva, o abuso sexual, o envelhecimento, a morte; a língua em que cresce...
A metáfora é inevitável, centrando-se no corpo, na pele, nas mãos, nos olhos...
A própria vida se revela metáfora caindo na folha em branco como narcísica forma de eternidade...
Como alguém referiu, toda a figura é metáfora, e por isso os nomes próprios também são metáforas... À força de gerar figuras, Mia Couto acaba por branquear os responsáveis pelo adiamento da esperança...
Quando o prazer da metáfora desfigura a realidade nua e crua... o que parece perto, fica cada vez mais longe. Imperdoável!
(Mia Couto, Compêndio para desenterrar nuvens, 2023)
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