Felizmente, não estou a perder a fala nem a ficar cego. E não sou surdo, antes pelo contrário... o ruído afeta-me os neurónios, embora ninguém se aperceba disso... E sou só um, e não diversos como parece que está a acontecer com muita gente, sobretudo jovem... Por isso não há o perigo de me dividir em dois que se procuram na adversidade da perda, seja ela comunicacional, linguística, geográfica ou temporal... Não quero ser outro, nem mudar de sexo, nem a cor do cabelo - já me basta perdê-lo - o que fará um cabeleira sem cabelo?
Basta-me caminhar até me cansar, e ler mesmo que não entenda a fama de certos escritores, embora a escrita não passe de um novelo sem fio que nos leve a qualquer porto...
Acabei de ler Lições de Grego, de Han Kang, e estou sem compreender se a verosimilhança ainda é um critério de avaliação da ficção: por vezes a realidade surge na sua crueza, mas a prosa acaba por ceder o lugar à fragmentação do discurso, tornando-o absurdo...
Por ora, estou sem pressa de atalhar no caminho e gosto que os fios não se esfumem ou se partam antes de chegar ao ancoradouro...
Sem comentários:
Enviar um comentário