Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
15.8.08
Do rio CARES à Torre FRIERO...
O rio CARES
A simplicidade
14.8.08
Santa Marina de Valdeón, de longe
11.8.08
Por terras de Cantábria...
O camping "La Viorna" está situado a 1 Km de Potes, na direcção do Mosteiro de Santo Toríbio de Liebana (Cantábria..., aliás, hoje, 10 de Agosto, é o dia desta Comunidade!). O antigo mosteiro beneditino vive da "cruz", outrora lugar de suplício e, com a morte de Cristo, tornou-se promessa de vida.
Depois de ter visitado Potes, lugar turístico construído sobre as margens do rio Deva e, pelos vistos, impulsionado pelo marquês de Santillana no séc. XV que, à época, mandou construir a Torre do Infantado, onde provavelmente encerrava os relapsos à justiça que exercia por toda a Liebana,
parti, a pé, para o Mosteiro de Santo Toríbio, reconstruído nos anos 50/60 do séc. XX, e entregue aos franciscanos. Como não era a (minha) hora, não aproveitei para beijar a cruz de prata dourada, que encerra o lenho original, símbolo da vida. Estou sem saber se Toríbio viveu no séc. V d.C., ou mais tarde, mas parece que terá sido na sua deslocação à Terra Santa que recolheu um pedaço do pau de cedro que suportou a morte de Cristo. O Mosteiro fica situado num lugar altaneiro e estratégico, de onde os monges podiam avistar a tempo os inimigos de Cristo, para além de poderem contemplar o maciço rochoso que os envolve. No Inverno, este lugar seria certamente inacessível!
Agora que o tempo está a mudar, as nuvens abatem-se sobre os Picos da Europa, vejo-me obrigado a confessar que foi necessário aqui chegar para que finalmente lêsse A MORTE DE IVAN ILITCH, de Lev Tolstoi, novela datada de 1886. Uma escrita minuciosa e descarnada que põe a nu a fragilidade do homem no momento de enfrentar a morte. E, sobretudo, reflecte sobre a mentira da vida, num tempo em que ainda se procurava acreditar na verdade.
Da leitura desta obra, retiro a ideia, que me não é estranha, de que a doença nos torna insuportáveis para os que nos rodeiam (familiares, amigos...). Pior do que o envelhecimento, a doença cria uma hostilidade que nos mina até que "ela" nos sufoque... Tolstoi, nesta pequena narrativa, coloca-nos perante a doença, como eu me encontro perante a grandeza e o peso das montanhas que me cercam...
3.8.08
Crueldades...
De regresso ao Museu da Electricidade. Pretexto: ver as exposições em cartaz e ouvir jazz às 11:30 horas. De facto, já as vira e não me deixara fascinar completamente. Callas não me seduz; sobretudo, a encenação irrita-me.
(Tempos antigos. Um dia, no exame de Francês do antigo 5º ano do Liceu, o examinador resolveu pôr à prova a minha cultura musical e perguntou-me quem era a diva da ópera. Vá lá saber-se como: acertei. A ópera, porém, fere-me os neurónios. Absurdo? Falta de cultura? Rusticidade!)
Quanto à exposição "Vieira da Silva, Arpad Szenes e o Castelo Surrealista", desde que a vi pela primeira vez, fiquei fascinado com o quadro Marie Helène IV, 1942. Tudo o que sei de Arpad Szenes está naquele quadro.
Para me compensar da minha frieza face à ópera, duas senhoras aproximaram-se da exposição "Vieira da Silva..." e uma (a mais nova, talvez filha, como escreveria o Cesário Verde) disse para a outra: «Ali, está uma, mas não tem interesse!», num gesto de enfado.
Às 11:30, começou o concerto. Agradável, suave... mas, quando a melodia se torna repetitiva, entro num processo de vigília... só desperta por duas enormes antenas que me deixaram a pensar se não seriam as mesmas que conheci, noutro tempo, em Murfacém, ao serviço do Exército..., onde passei um ano, no Centro de Informações e Segurança Militar. O CISM era a unidade responsável pelas actividades de criptologia, informações, contra-informação e segurança militar do Exército.
Curiosamente, não me lembro, de nesse tempo, ter avistado do alto de Murfacém, o edifício que acolhe, hoje, o Museu da Electricidade. Talvez possa, no entanto, explicar essa lacuna: a minha espinhosa missão decorria das 18 às 24 horas e, talvez, a noite caísse mais cedo... ou, então, era a ignorância a falar mais alto!
1.8.08
Os frabões
São ardilosos e vaidosos. Olham-nos lá do alto, com comiseração. O povo nada sabe e devia estar agradecido.
Se o Presidente se interroga sobre a perfídia que lhe quer furtar o pouco poder de que ainda dispõe, o unanimismo responde que o Senhor Presidente acordou tarde e mais valia ter ido de férias.
Em Portugal, o Presidente deve ir a banhos e no tempo de sobra, o melhor que tem a fazer é ajudar a Senhora, sua esposa, a limpar o pó aos presépios.
Afinal, as Ilhas há muito que deixaram de ser nossas! Os frabões aderiram à descolonização mental:
Abaixo os símbolos!
Acima os interesses!