29.11.14

Vergonhoso



Moins d’étrangers c’est plus écologique

Na Suiça, tal como no Reino Unido e em França, cresce o sentimento de rejeição do emigrante ... 

Paradoxalmente, na Suiça, não há nenhum movimento que incite os suíços a rejeitarem os depósitos bancários estrangeiros: 


Menos capitais estrangeiros é mais ecológico!

28.11.14

Apologia da indigência

O indigente é, por definição minha, alguém que vive em estado de penúria voluntária.
O indigente pode ser inteligente, loquaz, visionário, sedutor. Só não pode Ter!
O indigente não tem casa nem tem conta bancária, abdica de qualquer pensão, embora não despreze viver numa bela mansão...
Despojado de bens materiais, o indigente cultiva a amizade de Platão e senta-se à mesa de seus iguais. Por isso não espanta que seja acusado de viver do que não é seu e de ser misógino, apesar de venerado pelas mulheres...

O indigente detesta ser esquecido e por isso ama a praça pública, o palco e o poder. Qual Cristo está pronto para beber o fel até à última gota desde que possa regressar, não interessa o dia nem a hora...
O indigente é inteligente e misógino. Só não paga impostos porque, por definição minha, não pode TER.
O indigente estuda Filosofia e Ciência Politica porque só pode SER.

26.11.14

O amigo do amigo "amordaçado"

De certo modo, os amigos mudaram-se para a vida virtual. Basta contar os amigos que cada um de nós tem nas redes sociais! Deles pode esperar-se tudo, até o silêncio absoluto. Seguem-nos ou ignoram-nos de acordo com as conveniências... E não se pode censurá-los por tal. É um novo direito que, pela sua natureza, não impõe qualquer dever.
Ora, hoje, um daqueles amigos, que continua bem agarrado à vida real, decidiu visitar outro amigo colocado atrás das grades por tempo indeterminado. E claro, o inevitável aconteceu: o amigo de seu amigo aborreceu-se com as perguntas da comunicação, dita social.
O amigo levantara-se cedo, porque tinha um dever a cumprir: dar um abraço ao amigo "amordaçado". Na verdade, Mário Soares vê José Sócrates como outrora via Portugal. 

E não se pode levar a mal! Mário Soares continua a viver no mundo real, enquanto que a comunicação social vive no mundo virtual. Ele tem o dever de visitar o amigo. Por seu turno, a comunicação social age de acordo com as suas conveniências...

Nota de rodapé: Já alguém verificou a hipótese da comunicação social colocar escutas por conta própria?

25.11.14

A pensar no ...

44 = equilíbrio, sensatez, espírito filosófico. Disponibilidade para ler livros cartesianos, em francês! Esta tendência revela, no entanto, um espírito um tanto fin-de-siècle ou, talvez, 68, que, se fizermos as contas, nos traz... a 2014.
Bem vistas as coisas, foi no dia 24 que o suspeito ficou a saber o que o Céu Sereno lhe destinou! Assegurado o ócio, espero que José Sócrates o saiba desfrutar, (re) lendo, por exemplo, as estâncias 96 a 99 do Canto VIII de Os Lusíadas, e tendo presente a seguinte passagem da APOLOGIA DE SÓCRATES, de Platão:

 «Atenienses, se me tivesse dedicado à política, já estaria morto há muito tempo, sem ter sido bom, nem para vós, nem para mim próprio.
Não vos amofineis, por favor, por me ouvirdes falar a verdade: nenhum homem pode evitar a condenação à morte se, com franqueza, se opuser, ou a vós, ou à populaça, se procurar impedir que, no Estado, se cometam atos injustos e ilegais. Quem combate de verdade pela justiça, se desejar viver algum tempo, tem de se remeter à vida privada, e evitar a participação na vida pública.»
  

24.11.14

Dentro de momentos...


O filme segue «dentro de momentos». São 20 horas e 45 minutos e há mais de duas horas que o País espera por uma decisão... 
Provavelmente, a culpa é da mediatização!
No entanto, resta saber se são os media os culpados desta espera inclassificável ou se é o Ministério Público o verdadeiro responsável por este atraso 'colossal'.

Enquanto espero, vou ler a peça de Samuel Beckett, En attendand Godot. Esta peça foi criada no dia 5 de Janeiro de 1953 no Teatro Babilónia...


VLADIMIR. - Que faire pour fêter cette réunion? (Il réfléchit.) Lève-toi que je t'embrasse. (Il tend la main à Estragon.)
ESTRAGON ( avec irritation). - Tout à l'heure, toute à l'heure.
                                                                                                       Silence.
VLADIMIR (froissé, froidement). Peut-on savoir où monsieur a passé la nuit?
ESTRAGON. - Dans un fossé.
VLADIMIR (épaté). - Un fossé! Où ça?
ESTRAGON (sans geste). - Par là.
VLADIMIR. - Et on ne t'a pas battu?
ESTRAGON. - Si... Pas trop.
VLADIMIR. - Toujours les mêmes?
ESTRAGON. - Les mêmes? Je ne sais pas.

                                                                                                      Silence. 

Dentro de momentos!
Já são 21 horas e cinquenta e cinco minutos.

Decisão: José Sócrates em prisão preventiva! - A medida de coação mais gravosa.

                                                                                                      SILÊNCIO.

23.11.14

É todo um país que espera!


Não sei se Sócrates é culpado ou não!
Sei, no entanto, que os indícios devem ser fracos, caso contrário já todos teríamos conhecimento da decisão judicial...
Nesta situação, não são apenas quatro detidos que esperam. É todo o país que espera.

E, amanhã, o país merecia regressar ao trabalho, tranquilo, convencido de que a Justiça é nobre, não cedendo à tentação de humilhar o suspeito, seja ele quem for. No caso, José Sócrates, ex-primeiro-ministro de Portugal.

22.11.14

Argumentar contra a violência doméstica

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”
Declaração Universal dos Direitos do Homem (1949), Art. 1º


Nas escolas, os alunos são convidados a escrever textos argumentativos, mas, em geral, não o conseguem porque, em primeiro lugar, não dominam o assunto e, principalmente, não o enquadram nem o aprofundam. Acreditam que basta pegar numa folha de papel e aplicar uma qualquer receita. Claro que a maioria fracassa!

O que aqui registo são meia dúzia de ideias que dirijo a aluna desesperada que não consegue escrever um texto argumentativo:

Todos nascemos iguais, mas não crescemos livres e iguais em dignidade e direitos.

Tradicionalmente, a maioria das mulheres vivia numa situação de tal dependência económica do marido ou, mesmo, do pai, que os direitos humanos não se lhes aplicavam, designadamente o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem
Depois da segunda Guerra mundial, as mulheres desempenharam um papel importante na reconstrução dos países. As mulheres passaram a estudar e, sobretudo, passaram a ter uma carreira profissional, o que lhes trouxe independência económica.
No entanto, a independência económica da mulher não lhe garante a igualdade de direitos no agregado familiar, porque o homem (e a mulher) não foi educado para uma relação diferente da que vivera na família em que nascera… (uma das causas da violência)
Entretanto, a globalização trouxe o consumismo e a precariedade no emprego e na vida quotidiana. Uma precariedade que passou a atingir ambos os sexos.
É neste novo contexto que a insatisfação pessoal e familiar cresce, trazendo de volta o autoritarismo e a violência do mais forte contra o mais fraco.
Volta a colocar-se a questão de saber como combater a violência doméstica, ela própria fruto da desigualdade social, económica…

Assim, pode defender-se que a educação é uma das soluções contra a violência. Deste modo, é preciso alterar radicalmente o paradigma educativo.

A escola atual não satisfaz minimamente este objetivo. Basta pensar nos casos em que os namorados consideram normal agredir as namoradas,com a bênção paterna e materna, ou em que os alunos agridem as professoras com a cumplicidade dos pais… e das mães.   
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