12.11.15

... como a lesma

Tudo na mesma, como a lesma!

Segurança Social, 28/10/ 2015:

"Informamos V. Exª que nesta data foi a C.G.A informada do valor correspondente à nossa comparticipação."

Caixa Geral de Aposentações, 12/11/2015:

Informamos V. Exª que, à data, a C.G.A. não recebeu qualquer informação da Segurança Social...

Fui, entretanto, informado que estas duas instituições estão ligadas por uma plataforma informática que lhes permite editar e consultar os processos em simultâneo...

Apesar de tal ferramenta, estes organismos continuam a tentar comunicar por fax...

11.11.15

Já não há empresários portugueses!

Não sei se os empresários têm voz, mas, apesar daquilo que vou ouvindo, custa-me acreditar que eles se deixem influenciar pelo poder político, a não ser que vivam do favorecimento dos governos...

Oiço, no entanto, que, neste último mês, os pequenos e médios empresários suspenderam os investimentos ou deslocalizam o negócio ou a sede das respectivas empresas. Quanto aos grandes empresários, parece que não há notícias...

A única ideia que me assalta, de momento, é que já não haverá empresários portugueses... embora haja médicos portugueses, enfermeiros portugueses, professores portugueses, funcionários portugueses, trabalhadores portugueses, pescadores portugueses, agricultores portugueses, artistas portugueses, polícias portugueses, militares portugueses... - todos eles a exercer os seus ofícios, independentemente do poder político do momento.

Não creio que os portugueses estejam disponíveis para suspender o trabalho à espera que o Governo caia ou tome posse.

10.11.15

Ao cuidado do Presidente Aníbal António Cavaco Silva

Vistas a circunstâncias, considerando a situação do Presidente Aníbal António Cavaco Silva, e não querendo afastar-me do que, ontem, aqui escrevi, vou continuar a citar João Ubaldo Ribeiro, O Feitiço da Ilha do Pavão, pág. 188-189:

«Ouviu então, com o sobrolho franzido e momentos em que, pasmo, abria a boca e erguia os olhos para o alto, a espantosa descrição do estado a que chegara a ilha do Pavão, praticamente uma oclocracia independente, às vésperas da anarquia, onde não tinham vigência, ou mesmo se conheciam, os éditos e ordenações da Coroa, nem as regras da Igreja; onde o elemento servil já praticamente não existia, onde, se se dissera oclocracia, governo do vulgo e da gentalha, melhor se dissera dulocracia, governo dos escravos, pois que se ombreiam com seus senhores, comprando propriedades, comerciando, vestindo-se como brancos e até casando com brancos, tanto negras quanto negros...»  

Glossário facilitador: 
- OCLOCRACIA - sistema de governo em que predominam as classes inferiores.
- DULOCRACIA - sistema de governo em que predominam os escravos.

9.11.15

Cansado de pavonadas

Ainda não percebi bem se o sentimento é de alegria se de tristeza. De qualquer modo, o recurso ao termo "sentimento" obriga-me a pensar que me estou a afastar da autenticidade - na esfera do sentimento há sempre uma certa dose de encenação...
Talvez por isso, hoje, só vi rostos fechados, expressões de incerteza.
(...)
Afinal, quem é que vai pagar a conta? A Europa? Os ricos?
Os ingénuos e os matreiros pensarão que há mil maneiras de "apagar" a conta. A forma mais simples seria não pensar mais nisso, mas a História ensina que a conta é sempre paga pelos pobres. 
Convém relembrar que o "estado de pobreza" não é uma noção estática: nasce-se pobre, mas, também, se cai e morre na pobreza. 
Atalhar a tal fatalidade exige que se produza riqueza.
(...) 
Nos rostos fechados, expressões de incerteza, não vi, hoje, qualquer indicador de produção de riqueza. Só sinais de despesa! 
(...)
Cansado de pavonadas, termino como uma citação de João Ubaldo Ribeiro, O feitiço da Ilha do Pavão, pág.126, Editora Nova Fronteira: 

«- Aqui neste reino há cativos, sempre haverá cativos. Enquanto o mundo for mundo haverá cativos, pois sempre existirão os que nasceram para isso e os que nasceram para mandar, esta é a voz verdadeira dos grandes filósofos e a voz verdadeira da vida.»

Por estes dias, prefiro ler João Ubaldo Ribeiro!

8.11.15

Até à data

«Às palavras que descem pelo rio
deito a rede em que me deito,
e se adormeço então,
acordo
de olhos muito abertos.»

Pedro Tamen, Dentro de Momentos, 1984 

Ainda pensei que poderia ser poeta, mas cedo descobri que me faltava o rio, e quando o encontrei, logo percebi que as canas corriam para o mar, umas vezes devagarinho, outras, apressadas... Quanto às palavras, elas sempre foram mais demoradas... 
Das poucas vezes que a rede lancei, se as palavras aconteceram, elas perderam-se antes de eu adormecer...
Até à data, o mais que já observei foram trutas que subiam o rio, e não me apeteceu lançar-lhes a mão. Fiquei ali, de olhos muito abertos, a vê-las saltar os obstáculos ou a contorná-los como se aquele fosse o último dia, o último luar...

7.11.15

Sobretudo as serventias

Tudo o que poderá ser importante decorre nos bastidores. Nada se sabe sobre os verdadeiros negociadores, sobre os respetivos valores, competências, interesses e serventias... Apesar de haver quem afirme que estamos a viver um tempo novo - o regresso à política  -, a verdade é que já não basta afirmar que se defende um governo em nome do povo, quando esta entidade não passa de um conceito oco, pois a estratificação social e económica do povo é por demais evidente...

Aquilo que eu gostaria de conhecer neste período crucial é quais são os valores, as competências, os interesses e as serventias dos negociadores. Sobretudo quais são as serventias, no momento em que o país ainda não conseguiu sair dos escombros, porque, como a História ensina, a rapina e o saque costumam ser as primeiras etapas do assalto ao poder.

Relembro que não há serventia sem Senhor! Não esqueçamos o Eduardo Catroga de 2011 ou o Carlos Costa mais recentemente... Nenhum deles ficou a perder, porém muitos portugueses perderam quase tudo.


6.11.15

Afronta-me este país desigual

Afronta-me este país desigual!

Hoje, vou voltar ao tema do tratamento da doença em Portugal a partir de uma situação familiar. Um indivíduo necessita de ser operado com urgência, por exemplo, no Hospital Curry Cabral; é visto pelo cirurgião que, face ao diagnóstico comprovado por um especialista, confirma a urgência no "processo"; a marcação do ato, no entanto, não pode ser feita de imediato; 15 dias, mais tarde, o referido indivíduo recebe uma simpática carta da Unidade Hospitalar de Gestão de Inscritos para Cirurgia, em que é informado:

«A partir deste momento, assumimos o compromisso de o (a) operar num máximo de espera de 9 meses (270 dias).»

Como se sabe, em muitos casos, a celeridade é fundamental para atalhar a evolução da doença. A vida do indivíduo em causa fica, assim, nas mãos de um gestor de "espera", a não ser que possa fugir do Serviço Nacional de Saúde...
E aqui é que a desigualdade se manifesta. Se o indivíduo for, por exemplo, beneficiário da ADSE ou de outro subsistema de saúde, poderá ser operado num prazo de 15 dias num Hospital Privado...

Agora que corremos o risco de vir a ter dois governos, pouco me importa qual deles governa, a não ser que um deles acabe com esta fronteira que acelera a morte de uns, apenas porque não têm recursos financeiros ou não descontaram para subsistemas que, entretanto, são subsidiados pelo Estado, com vantagens inconfessáveis para quem apoia, gere e executa este tipo de discriminação.