deito a rede em que me deito,
e se adormeço então,
acordo
de olhos muito abertos.»
Pedro Tamen, Dentro de Momentos, 1984
Ainda pensei que poderia ser poeta, mas cedo descobri que me faltava o rio, e quando o encontrei, logo percebi que as canas corriam para o mar, umas vezes devagarinho, outras, apressadas... Quanto às palavras, elas sempre foram mais demoradas...
Das poucas vezes que a rede lancei, se as palavras aconteceram, elas perderam-se antes de eu adormecer...
Até à data, o mais que já observei foram trutas que subiam o rio, e não me apeteceu lançar-lhes a mão. Fiquei ali, de olhos muito abertos, a vê-las saltar os obstáculos ou a contorná-los como se aquele fosse o último dia, o último luar...
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