9.11.15

Cansado de pavonadas

Ainda não percebi bem se o sentimento é de alegria se de tristeza. De qualquer modo, o recurso ao termo "sentimento" obriga-me a pensar que me estou a afastar da autenticidade - na esfera do sentimento há sempre uma certa dose de encenação...
Talvez por isso, hoje, só vi rostos fechados, expressões de incerteza.
(...)
Afinal, quem é que vai pagar a conta? A Europa? Os ricos?
Os ingénuos e os matreiros pensarão que há mil maneiras de "apagar" a conta. A forma mais simples seria não pensar mais nisso, mas a História ensina que a conta é sempre paga pelos pobres. 
Convém relembrar que o "estado de pobreza" não é uma noção estática: nasce-se pobre, mas, também, se cai e morre na pobreza. 
Atalhar a tal fatalidade exige que se produza riqueza.
(...) 
Nos rostos fechados, expressões de incerteza, não vi, hoje, qualquer indicador de produção de riqueza. Só sinais de despesa! 
(...)
Cansado de pavonadas, termino como uma citação de João Ubaldo Ribeiro, O feitiço da Ilha do Pavão, pág.126, Editora Nova Fronteira: 

«- Aqui neste reino há cativos, sempre haverá cativos. Enquanto o mundo for mundo haverá cativos, pois sempre existirão os que nasceram para isso e os que nasceram para mandar, esta é a voz verdadeira dos grandes filósofos e a voz verdadeira da vida.»

Por estes dias, prefiro ler João Ubaldo Ribeiro!

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