25.11.15

O narcisista

Ai de quem cai nas mãos dum narcisista!

O narcisista desconhece a distância, o que o impede de incentivar a dissolução das fronteiras.
Pelo contrário, o narcisista gera limites cada vez mais próximos, mesmo se imaginários...
e obriga-nos a expulsar o outro da fronteira. Só que, por vezes, o outro também é narcisista!

Os narcisos antecipam múltiplos charcos donde vários nenúfares irão ser expulsos...

Quando o outro é narcisista, a batalha sem fim...
Se o outro não for narcisista, então acabará dissolvido na fronteira. 

24.11.15

De cavaco para costa

O Presidente olha para o interlocutor, aprecia-lhe as companhias, e cogita etimologicamente: a língua destes salafrários  não vai além do registo corrente, como tal, de cavaco para costa, recuso-me a indigitá-lo; vou indicá-lo como primeiro-ministro e é quanto basta... mais tarde, veremos se ele percebe alguma coisa de etimologia!

23.11.15

Ninguém gosta de ser cinza

Ninguém gosta de ser cinza; a verdade, porém, é que 'ninguém' é menos do que cinza.
A vontade de 'ninguém' é ser alguém, o que explica que, nestes dias, qualquer meio sirva para sair do anonimato.

A cinza é a expressão do anonimato.
Politicamente, o cavaco, que pensa ser alguém, recorre a todos os meios para adiar o dia da cremação, isto é, do anonimato.

22.11.15

A cinza somos nós!

Bem sabemos como um simples cavaco pode atrapalhar a vida de todos nós, embora me pareça que, nos últimos anos, muitos portugueses andaram amarrados à ideia de que a melhor forma de combater o desenvolvimento era asfixiá-lo, transformá-lo em cinza porque dela acabará por eclodir a fénix.

A ideia seduz, o problema é que a cinza somos nós num tempo e num espaço bem delimitados.

(...)

Podemos ainda pensar que um simples cavaco pouco terá a dizer sobre o que se passa à sua volta, porém enganamo-nos: sempre que outro cavaco, dentro ou fora, se sente acossado, o cavaquinho não perde tempo a clamar a sua solidariedade...

e a cinza somos nós!

21.11.15

Sempre que passo por um mercado municipal

Sempre que passo por um mercado municipal, concluo que há bancas de venda que não afixam os preços dos produtos. Em particular, as bancas de peixe.
Pessoalmente, a ausência do preço tem uma consequência: viro as costas e vou-me embora, de mãos a abanar. E frustrado.
Dois exemplos: Mercado 31 de Janeiro nas Picoas, Lisboa, e Mercado de Moscavide. Refiro estes porque foram aqueles em que entrei na pretérita semana.

Será que há alguma norma municipal que isente os vendedores de peixe de afixar os preços?

20.11.15

Exigimos quase tudo

Exigimos quase tudo, e damos tão pouco. E o mais grave é que não percebemos o risco que corremos.
Habituámo-nos a fazê-lo, seguindo padrões de outro tempo, como se tivesse chegado o momento da desforra...

A consciência pressupõe que o fazer seja partilhado, mas a verdade é que esta ciência está reduzida ao amor-próprio.

19.11.15

Cansados

Cansados de serem postos de lado, procuraram outro deus e começaram a disparar em nome dele...
Cansados de serem alvos fortuitos, esqueceram o seu deus e desataram a disparar em nome deles...
Cansados do terror, deixaram a terra a outro deus e partiram convencidos de que ainda há um deus...

Um deus, senhor de uma terra onde não haja cansaço...

(As águas de inverno abrir-se-ão e os cavalos do senhor...)