11.1.16

D. Afonso Henriques tinha um cavalo...

«... D. Afonso Henriques tinha um cavalo porque os reis andavam a cavalo só os presidentes é que não sabem montar e nas batalhas o rei D. Afonso Henriques ia todo vestido de rei que é um fato de lata e entrava à espadeirada aos inimigos que fugiam dele não sei porquê...»
     Luís de Sttau Monteiro, Redacções da Guidinha

Para mim, um candidato a presidente que não saiba montar a cavalo não serve. Já passaram mais de cem anos desde que o último rei foi desmontado do cavalo, cedendo o lugar a presidentes que, na maioria, nunca aprenderam a montar a cavalo, embora tenham aprendido a ceder aos interesses dos poderosos e, até em demasiados casos, tenham aumentado a fortuna de familiares, amigos e sequazes...

Para evitar este descalabro, creio que o melhor seria só aceitar a candidatura a presidente de quem soubesse montar ou, pelo menos estivesse disposto a aprender. E depois o eleito presidente ia por esses campos fora, montado no rocim presidencial, à conquista das ilhas perdidas até reencontrar o Encoberto... o verdadeiro responsável pela queda da Cavalaria...

Texto motivado pela leitura de uma estrofe de D. Dinis:

Joam Bol' anda mal desbaratado
e anda trist' e faz muit' aguisado
ca perdeu quant'havia guaanhado
e o que lhi leixou a madre sua: 
um rapaz que era seu criado
levou-lh' o rocim e leixou-lh'a mua

10.1.16

MNAC - Museu do Chiado: 4,5 €

" O património é de todos, ajude-nos a conservá-lo."

A entrada no Museu Nacional de Arte Contemporânea custa 4 euros e cinquenta cêntimos. 4 euros e cinquenta cêntimos é quanto pagamos para a ver a programação atual.
Hoje, no Piso 3, visitei quatro das instalações* que se candidataram à 1ª edição do Prémio Sonae Media Art, tecnologicamente interessantes, mas efémeras.
A efemeridade não é, em si, um defeito. No entanto, quando o custo da entrada é tão elevado, estas ou outras instalações tornam-se invisíveis. Deste modo, o MNAC não só não divulga os artistas, como não obtém as verbas necessárias à preservação do património...

*Tatiana Macedo. INSTALAÇÃO VÍDEO DE PROJEÇÃO SIMULTÂNEA EM TRÊS ÉCRANS (vencedora) 
Patrícia Portela. PARASOMNIA, 2015
MUSA PARADISÍACA, CANTINA FÁBULA, 2015
RUI PENHA. RESONO, 2015    

9.1.16

Marcelo, sobranceiro

Tenho profunda esperança que os portugueses decidirão em janeiro o que não devem deixar para fevereiro”. Marcelo contraria Costa: “a primeira volta vai ser as secundárias da esquerda".

Pode até estar melhor preparado do que os restantes candidatos, porém Marcelo Rebelo de Sousa revela falta de humildade, como, se predestinado, lhe bastasse a vassalagem de um povo que ansiasse pelo Messias...
Imaginando-se anunciado por algum longínquo oráculo, Marcelo procura conquistar a tribo dos infiéis, abrindo mão, assim, do rebanho que naturalmente o seguiria, como se ele fosse o bom pastor...
Corre, no entanto, o risco de as ovelhinhas não serem tão mansas e cristãs como ele quer crer. Por vezes, as mansas ovelhinhas conseguem reconhecer o lobo, sobretudo quando ele é demasiado espalhafatoso e arrogante...

8.1.16

Sempre que um inteligente chega ao Ministério da Educação...

Sempre que um inteligente chega ao Ministério da Educação, é sabido que os modos de avaliar mudam.
Educar, nos últimos 20 anos, passou a significar "avaliar", "classificar"...
Pouco importa se há alguma coisa de consistente para aprender.
Pouco importa a qualidade da formação de quem é suposto ensinar.

De facto, é mais rápido alterar os modos de avaliar do que criar um sistema de formação de alunos e de professores adequado à realidade atual e que ajude a construir o futuro. Entretanto, vamo-nos entretendo com o passado...
Criar um sistema de formação exige tempo, e tempo é o que faz falta ao inteligente que, a toda a hora, chega ao Ministério da Educação.

7.1.16

A chuva e o vento

Pensar que a chuva cai da direita para a esquerda é possível. Neste momento, as gotas estão quase a chegar ao fim da linha ou, melhor, já mudaram de linha...
Se a chuva fosse chinesa, ela cairia da esquerda para a direita e, provavelmente, vê-la-íamos a saltar de linha...
Sob a forma de bátega, a chuva cai a direito, e as grossas gotas, em vez de correrem, fazem-nos perder a linha...
Há também uma chuva miudinha que não se sabe se cai e que, por vezes, nos entontece e, outras, nos refresca...

A chuva a que me refiro, na verdade, não cai; quase tudo o que lhe acontece é por força do vento.

Talvez devesse agora reiniciar: «Pensar que o vento sopra da esquerda para a direita é possível» e sem ter que ir à China «Pensar que o vento também sopra da direita para a esquerda»...
                                                             e em pouco estaria no olho do furação...

6.1.16

Bomba de hidrogénio: Surpresa ou hipocrisia?

Bombe H : « La Corée du Nord a surpris tout le monde » Le Monde

A Coreia do Norte surpreende o mundo inteiro!

Não acredito que um país que vive fechado sobre si próprio tenha capacidade científica, tecnológica e recursos financeiras para levar a cabo este tipo de testes, sem que outros países lhe forneçam os recursos necessários, inclusive humanos... 
E como tal, o espanto da comunidade internacional não passa de uma manobra de diversão. Quem é que pode crer que a China, a Rússia, os Estados Unidos, a Índia, Israel, o Irão, o Paquistão, o Reino Unido e a França nada saibam do que se passa na Coreia do Norte?

Os loucos, entretanto, continuam à solta: aterrorizam e condenam à miséria as  populações que, infelizmente, acabam por os idolatrar...
É importante não esquecer que em Portugal há gente boa que continua a confiar na bondade de regimes, como o da Coreia do Norte.
Esta é uma matéria sobre a qual todos os candidatos a presidente da República deveriam pronunciar-se.

5.1.16

Da opacidade da evidência

O que eu gostava de saber é por que motivo as evidências são tão opacas. Talvez, o problema seja meu, e eu não saiba o que é uma evidência. Será que há alguma relação entre a evidência e a vidência?
De facto, há muito que o meu pensamento sobre o estado do mundo é contestado pelos videntes que me andam cercando como as ondas de San Simion, só que a amiga era cega e por isso não tinha pejo em pedir aos elementos que lhe dessem novas do amado...
Há quem pense que a melhor forma de vida é esperar que lhe tragam a morte amortalhada no arco-íris, eu porquanto prefiro andar à chuva e ao sol, sabendo que por mais água que deitemos sobre o fogo, este nunca se apaga...
A esta hora, o leitor já estará a pensar a que evidência é que me estou a referir, sem compreender que é aquela que, por estar por cima do nariz, não pode ser objeto de vidência.