14.1.16

Situação I

(À porta da sala de aula.)

O professor abre a porta.
Os alunos precipitam-se para o interior.

O professor continua do lado de fora.
(...)
Os alunos saem em silêncio...

13.1.16

'Nem Só de Caviar Vive o Homem'

Ler um extenso romance exige tempo e, por vezes, paciência. Nem sempre, a intriga é suficientemente verosímil, sobretudo quando abarca um longo período, marcado pelo terror da guerra - de 1939 a 1958.

O romance Nem Só de Caviar Vive o Homem, de J. M. Simmel, é um bom exemplo de uma obra que, sem ter a guerra como tema central, dá conta dos modos como esta se desenvolve nos bastidores, misturando situações de espionagem e de contra-espionagem com negócios mafiosos de toda a sorte, sem esquecer o papel decisivo da gastronomia...
Num mundo desumano, o herói, Thomas Lieven, sobrevive porque há sempre uma solução humana:

«Ao longo de toda a minha vida desconfiei das palavras altissonantes e dos grandes heróis. Também nunca gostei de hinos nacionais, de fardas, e daqueles a quem chamam homens fortes.» op. cit., pág. 506.  

Em conclusão, vale a pena ler este romance porque ajuda a compreender os bastidores da segunda guerra mundial nos países beligerantes e nos países neutros, como a Suiça e Portugal, até porque boa parte da ação decorre em Lisboa, revelando o modo como o Estado Novo se comportou durante aquela época.
A informação sobre Lisboa, Estoril e Cascais, é rigorosa. 

12.1.16

Qualquer soldado raso pode chegar a general

Nesta República, qualquer soldado raso pode chegar a general - resposta de Nóvoa ao general Marcelo que entende que a Presidência só pode ser ocupada por generais e almirantes... 

Enquanto um parece socorrer-se de uma metáfora de origem castrense, o outro exprime literalmente a sua convicção de berço...

O problema é que ambos, apesar de se declararem abertamente comprometidos com o futuro, continuam a utilizar a linguagem do passado.

Por outro lado, a História ensina que só em contextos revolucionários e despóticos é que soldados rasos conseguiram alcandorar-se ao generalato.

E nesta guerra de senhores feudais, as donas continuam a ficar em casa.

11.1.16

D. Afonso Henriques tinha um cavalo...

«... D. Afonso Henriques tinha um cavalo porque os reis andavam a cavalo só os presidentes é que não sabem montar e nas batalhas o rei D. Afonso Henriques ia todo vestido de rei que é um fato de lata e entrava à espadeirada aos inimigos que fugiam dele não sei porquê...»
     Luís de Sttau Monteiro, Redacções da Guidinha

Para mim, um candidato a presidente que não saiba montar a cavalo não serve. Já passaram mais de cem anos desde que o último rei foi desmontado do cavalo, cedendo o lugar a presidentes que, na maioria, nunca aprenderam a montar a cavalo, embora tenham aprendido a ceder aos interesses dos poderosos e, até em demasiados casos, tenham aumentado a fortuna de familiares, amigos e sequazes...

Para evitar este descalabro, creio que o melhor seria só aceitar a candidatura a presidente de quem soubesse montar ou, pelo menos estivesse disposto a aprender. E depois o eleito presidente ia por esses campos fora, montado no rocim presidencial, à conquista das ilhas perdidas até reencontrar o Encoberto... o verdadeiro responsável pela queda da Cavalaria...

Texto motivado pela leitura de uma estrofe de D. Dinis:

Joam Bol' anda mal desbaratado
e anda trist' e faz muit' aguisado
ca perdeu quant'havia guaanhado
e o que lhi leixou a madre sua: 
um rapaz que era seu criado
levou-lh' o rocim e leixou-lh'a mua

10.1.16

MNAC - Museu do Chiado: 4,5 €

" O património é de todos, ajude-nos a conservá-lo."

A entrada no Museu Nacional de Arte Contemporânea custa 4 euros e cinquenta cêntimos. 4 euros e cinquenta cêntimos é quanto pagamos para a ver a programação atual.
Hoje, no Piso 3, visitei quatro das instalações* que se candidataram à 1ª edição do Prémio Sonae Media Art, tecnologicamente interessantes, mas efémeras.
A efemeridade não é, em si, um defeito. No entanto, quando o custo da entrada é tão elevado, estas ou outras instalações tornam-se invisíveis. Deste modo, o MNAC não só não divulga os artistas, como não obtém as verbas necessárias à preservação do património...

*Tatiana Macedo. INSTALAÇÃO VÍDEO DE PROJEÇÃO SIMULTÂNEA EM TRÊS ÉCRANS (vencedora) 
Patrícia Portela. PARASOMNIA, 2015
MUSA PARADISÍACA, CANTINA FÁBULA, 2015
RUI PENHA. RESONO, 2015    

9.1.16

Marcelo, sobranceiro

Tenho profunda esperança que os portugueses decidirão em janeiro o que não devem deixar para fevereiro”. Marcelo contraria Costa: “a primeira volta vai ser as secundárias da esquerda".

Pode até estar melhor preparado do que os restantes candidatos, porém Marcelo Rebelo de Sousa revela falta de humildade, como, se predestinado, lhe bastasse a vassalagem de um povo que ansiasse pelo Messias...
Imaginando-se anunciado por algum longínquo oráculo, Marcelo procura conquistar a tribo dos infiéis, abrindo mão, assim, do rebanho que naturalmente o seguiria, como se ele fosse o bom pastor...
Corre, no entanto, o risco de as ovelhinhas não serem tão mansas e cristãs como ele quer crer. Por vezes, as mansas ovelhinhas conseguem reconhecer o lobo, sobretudo quando ele é demasiado espalhafatoso e arrogante...

8.1.16

Sempre que um inteligente chega ao Ministério da Educação...

Sempre que um inteligente chega ao Ministério da Educação, é sabido que os modos de avaliar mudam.
Educar, nos últimos 20 anos, passou a significar "avaliar", "classificar"...
Pouco importa se há alguma coisa de consistente para aprender.
Pouco importa a qualidade da formação de quem é suposto ensinar.

De facto, é mais rápido alterar os modos de avaliar do que criar um sistema de formação de alunos e de professores adequado à realidade atual e que ajude a construir o futuro. Entretanto, vamo-nos entretendo com o passado...
Criar um sistema de formação exige tempo, e tempo é o que faz falta ao inteligente que, a toda a hora, chega ao Ministério da Educação.