Ler um extenso romance exige tempo e, por vezes, paciência. Nem sempre, a intriga é suficientemente verosímil, sobretudo quando abarca um longo período, marcado pelo terror da guerra - de 1939 a 1958.
O romance Nem Só de Caviar Vive o Homem, de J. M. Simmel, é um bom exemplo de uma obra que, sem ter a guerra como tema central, dá conta dos modos como esta se desenvolve nos bastidores, misturando situações de espionagem e de contra-espionagem com negócios mafiosos de toda a sorte, sem esquecer o papel decisivo da gastronomia...
Num mundo desumano, o herói, Thomas Lieven, sobrevive porque há sempre uma solução humana:
«Ao longo de toda a minha vida desconfiei das palavras altissonantes e dos grandes heróis. Também nunca gostei de hinos nacionais, de fardas, e daqueles a quem chamam homens fortes.» op. cit., pág. 506.
Em conclusão, vale a pena ler este romance porque ajuda a compreender os bastidores da segunda guerra mundial nos países beligerantes e nos países neutros, como a Suiça e Portugal, até porque boa parte da ação decorre em Lisboa, revelando o modo como o Estado Novo se comportou durante aquela época.
A informação sobre Lisboa, Estoril e Cascais, é rigorosa.
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