9.7.16

O Zé barroso não é o meu herói!

Não é verdade! O Zé barroso não é o meu herói! E também não é o pícaro anti-herói. De nada serve querer classificar o Zé, embora ele não seja único e, como tal, classificável...
Faço este esclarecimento porque não quero que algum leitor apressado me confunda com gente de tal laia. Nunca quis tal confusão, embora um dia um tio, supostamente bem informado, me tenha acusado de pertencer ao MRPP.
Por experiência antiga, sei que nunca poderia alinhar por essa cartilha. Ainda não esqueci os anos de 1975-77, no Liceu Passos Manuel, quando aquela seita me boicotava as aulas de Português, ao recusarem-se a ler Os Gaibéus, o Constantino Guardador de Vacas, Os Esteiros, A Abelha na Chuva, tudo porque os autores seriam seguidores do Barreirinhas Cunhal...
O Zé barroso não é o meu herói!

PS. Nesta literatura de Zés, há que não esquecer o Zé, primeiro - o do terramoto - e o Zé, sócrates - o da bancarrota...

8.7.16

O Zé barroso é o meu herói...

O Zé barroso é o meu herói desde os tempos em que, sob o olhar atento do timoneiro, Arnaldo de Matos, lutava contra o capitalismo, a guerra e a CIA, sem esquecer o KGB... Longe vão os tempos, mas, para ele, a luta continua!

Consegue estar sempre no sítio certo, na hora certa. Eu, apesar da hora certa, estou sempre no lugar errado. Talvez, porque não me chamo Zé.
A explicação não é fácil! No entanto, já o Zé, o carpinteiro, soube aproveitar o momento, apesar do que outros Zés, do tipo saramago, insinuam...
Sem esquecer, o Zé, o mourinho, que, também não perde uma oportunidade...
E claro, é melhor não esquecer o Zé, do bordalo e do manguito, que, contrariamente ao que se afirma, sempre se esteve nas tintas para o povinho.

Começo a acreditar que isto de se ser Zé é meio caminho andado. Por exemplo, no próximo domingo, o Cristiano, para mim, passa a chamar-se Zé, o ronaldo. E se tal não for permitido, que o Fernando não se atreva a retirar da equipa, o Zé, fonte...

7.7.16

Há muito que deitei fora a chave

Começo a compreender aqueles indivíduos que levam tudo a brincar. Por vezes, parecem irresponsáveis, mas, provavelmente, a atitude deles é a que melhor se adequa à realidade que vamos construindo - uma realidade postiça, parola e artificiosa...
Lá no fundo, a jocosidade é expressão de um embate perdido, mas que insiste em levar a melhor sobre a tradição... Defender a tradição mais não é do que legitimar o poder instituído, seja ele qual for.
(...) 
A verdade é que eu levo demasiado a sério situações que se apresentam como absolutas, que, no entanto, também elas são formas de preservar um outro tipo de poder, mais profundo e despótico, que não sei nomear, mas que determina o modo como leio, como rio e até como escrevo...
Em suma, falta-me o sentido de humor e nem a ironia me consegue compensar da prisão em que vivo.
Há muito que deitei fora a chave e por isso espero que o barqueiro passe, embora me comece a faltar o óbolo para lhe pagar a viagem.   

Que Fernando Santos retire o pé do travão...

Primeiro, a cruz, depois, o padrão.
Primeiro, o rei, depois, o cidadão.
Primeiro, a fé, depois, a liberdade.

Agora que Portugal se apurou para a final do campeonato da Europa de futebol, e "as finais são para ganhar", esperemos que o engenheiro retire o pé do travão e liberte os jogadores das vírgulas...

de pouco serve a cruz
se já não há rei
nem padrão
(...)
que o cidadão finte e remate
até que o bloco europeu derreta

6.7.16

Um povo que, para ser, precisa de crer!

Primeiro, a cruz, depois, o padrão
Primeiro, o rei, depois, o cidadão
Primeiro, a fé, depois, a liberdade

Um povo que, para ser, precisa de crer!

Só um povo maltratado pode acreditar tanto no jogo
E não importa quem perde, perdemos todos!
E não importa quem ganhe, ganhamos todos!

Um povo que, para ter, precisa que alguém vença por ele...

5.7.16

O cabo de esquadra e as novas competências

Não basta ser político para se ser competente, já dizia o cabo de esquadra do Estado Novo. Segundo ele, a competência era apanágio daqueles que se julgavam eleitos por Deus.
Só os eleitos sabiam definir o rumo; aos restantes, decidida a missão, mais não restava do que cumpri-la. Se necessário, com a própria vida...
O cabo de esquadra não sabia o que era o messianismo - na expressão nacionalista, o sebastianismo -, mas sabia identificar o Eleito, e como tal, agia sempre em seu nome, o que significava, para ele, cumprir a vontade do Senhor... 
Agora que os políticos se preparam para rever as competências necessárias a um jovem obrigado a cumprir a escolaridade obrigatória, há uma questão que me atormenta: necessárias para quê?

Entretanto, o cabo de esquadra já me começou a soprar ao ouvido que não devo atormentar-me, pois os desígnios do Senhor são insondáveis. Basta que eu dê atenção ao Eleito para orientar tal missão: Guilherme de Oliveira Martins - católico, praticante; socialista, quanto baste; paladino da interculturalidade; educador realista; zeloso defensor das finanças públicas e privadas; servidor abnegado de fundações... e sobretudo, capaz de navegar em todos os contextos políticos. Competência não lhe falta!

4.7.16

Sorte, a de Miguel Torga, não teve de comparecer!

O antigo primeiro-ministro José Sócrates está presente na inauguração do Espaço Torga, em São Martinho de Anta, Sabrosa, projecto que impulsionou enquanto chefe de Governo (2005-2011).

Sorte, a de Miguel Torga, não teve de comparecer!
Homem, genuinamente socialista, nunca foi complacente com o poder, nem quando este o perseguia, nem quando as afinidades políticas poderiam explicar alguma conivência. Soube sempre afastar-se dos interesses e, sobretudo, recusou favores, mesmo que tal significasse um progressivo ostracismo.
Profundo conhecedor do povo, defensor de uma identidade portuguesa e ibérica, austera e honrada, Torga, se fosse vivo, dificilmente ficaria em silêncio na presença de tão ilustres governantes.