26.7.18

As larvas

As larvas alimentam-se de matéria vegetal, o que, em muitos casos, dá cabo das flores, das folhas… Por estes dias, preferia que elas trocassem as sardinheiras pelos dirigentes deste país, políticos ou não, sem esquecer os carpinteiros, os vidraceiros…
Seguramente, as larvas estão no seu direito e prestam preciosos serviços… e bem podiam alargar o seu raio de ação… Eu ficaria feliz!

Desejando que as larvas tenham ouvido a minha sugestão, reporto aqui uma conversa magistral das minhas vizinhas de bairro: 
- Os resultados dos exames são uma miséria!
- Não admira! Entregam as provas para classificar aos «contratados», e bem sabemos que eles se estão na tintas…
- Eles querem lá saber!
- Não têm qualquer formação… a culpa é da "geringonça"...
- Que saudades do Nuno Crato!

25.7.18

É sempre a descer!

As aulas tradicionais já não me interessam. São secantes para mim também. Adaptar-me-ei aos novos contextos, comprarei rodinhas para as secretárias, ouvir-se-á música nas aulas, leremos Camões e Pessoa em voz alta sem noções de versificação à mistura, cantaremos Os Lusíadas em rap e a Mensagem em fado, faremos apresentações com guitarra, máscaras de teatro e fantoches, percorreremos Lisboa aos fins de semana sem a burocracia assustadora das visitas de estudo e descobriremos Saramago devagarinho, muito devagarinho, ao som do Tejo, estendido lá em baixo, ao Sol, na linha do horizonte. Treinadores de Portugal
Sou professor há 44 anos. Tenho aqui ao lado 25 provas de exame para classificar, mas perante o pronunciamento da «formadora profissional na área comportamental», Carmo Machado, vão ter que esperar…
Diz ela que o mundo mudou, que os professores estão cansados e desmotivados, que as aulas tradicionais são secantes, que não aprendeu nada na escola de que se lembre agora (Handy, 1992), pois eu lembro-me do poeta que "prefere rosas à pátria" porque os outros homens, por muito que se esforcem por satisfazer a vaidade pessoal e coletiva, nada acrescentam à Natureza, ao Universo… mas os alunos não compreendem por que motivo o Poeta é secante, os professores anacrónicos, a leitura não é negociada, os seus interesses não são ativados…
Assim sendo, não me vou esquecer de comprar rodinhas para a minha cadeira e promover uma corrida do Camões (Praça José Fontana) até ao Pessoa (Martinho da Arcada). Pelo caminho ainda posso passar pela Loja do Senhor Verde e visitar a Oliveira do Senhor Saramago… É sempre a descer!

24.7.18

Apenas o lamento

Perante os desastres que vão ocorrendo, as palavras pouco podem acrescentar. Apenas o lamento inconsequente, pois há muito deixámos de respeitar os elementos… Até na terra que os concetualizou, o fogo, que não o de Prometeu, segue o seu caminho, indiferente à ganância humana e ao feitiço do "carpe diem" … 
Prometeu,  desprezado pelos deuses, é hoje vilipendiado pelos homens. 
De qualquer modo, a Natureza segue o seu curso, a lembrarmo-nos que sem Ela nada seremos...

23.7.18

Iliteracia funcional

Um dia Edgar Poe escreveu que nove em cada dez casos, no jogo de xadrez, quem ganha é o jogador mais atento e não o mais hábil…
Admitindo que o escritor tem razão, parece-me que as escolas, em vez de discutirem a desatenção e a dispersão provocadas pelos smartphones, tablets e computadores, melhor seria que promovessem atividades capazes de fixar a atenção duradoiramente. 
Se tal tivesse acontecido, não teríamos hoje um acréscimo de iliteracia funcional… nem tantos habilidosos intrujões e burlões...

22.7.18

Uma pá de cal...

Forno de Cal, Paço d'Arcos
Lá chegará a hora em que a pá (literal ou simbólica) porá termo a todas as recriminações, a todas as suspeitas, a todas as insubmissões.
Por enquanto, talvez seja sensato dar mais atenção à origem e utilização dos elementos, ao papel que eles tiveram na construção e preservação da sociedade…
A cal é uma dessas substâncias aglomerantes que sempre me impressionou pela sua multiplicidade de aplicações… pela relação salutar que mantém com a temperatura…
Se eu fosse cal, creio que suportaria muito melhor o desassossego com que me mantenho...

21.7.18

Burlões e aldrabões

O Presidente da Câmara de Pedrógão Grande ainda experimentou o argumento da inveja… O vizinho denuncia porque é invejoso, pelo menos, desde o século XVI - ver Garcia de Resende… Camões acabou por escrever a Epopeia, sem no entanto, escapar à inveja coeva que lhe limpou a biografia. O próprio revela sintomas da doença coletiva, pois o Gama não se lhe compara em engenho e arte…

Não são só as multas que prescreveram. PS, PSD e CDS foram condenados pelo Tribunal Constitucional, em 2013, a devolver um milhão de euros, mas o Parlamento confirma ao SOL que chegou a ‘acordo’ com os partidos e nem todos os montantes que lhe eram devidos foram pagos. AR perdoa as dívidas dos Partidos

Durante muito tempo, utilizei o argumento da inveja, apesar de não ignorar o conteúdo da ARTE DE FURTAR, agora, creio que vou recuar e passar a defender a ideia de que a matriz da portugalidade está desde o início contaminada pela burla e pela aldrabice… e a literatura não passa de um aformoseamento da realidade, como diria o Fernão Lopes, entretanto, mandado recolher à Torre do Tombo.

20.7.18

Mais uma mocada no contribuinte

De momento estou bastante aborrecido - refém dum incumpridor construtor civil - vou lendo artigos de velhos jornais à procura de alguma pepita, e espreitando as notícias do dia… Ora, a espreitadela cai sobre as inevitáveis "almofadas financeiras"...
Perante a banalização do termo, não resisto à pesquisa da origem da palavrinha Almofada:

Origem da palavra Almofada

Do árabe al-mokhadda, que significa “o lugar da face”, “travesseiro” ou “coxim”. A palavra “almofada”, segundo alguns etimologistas, teria origem no árabe, al-mokhadda, sendo o prefixo al utilizado como um artigo definido, como “o” ou “a”. Aliás, grande parte das palavras começadas com o prefixo "al" na língua portuguesa são de origem árabe. A expressão al-mo seria relativa a “o lugar”, pois o termo ma / pode ser traduzido por “lugar” ou “posição”.Por fim, khadda é uma derivação da palavra khaddon, que quer dizer “face” ou “rosto”.
Ou seja, por estes dias,  "almofada"  passou a significar mais uma mocada no contribuinte! 
Já agora, se fossemos brasileiros, em vez de 'almofada' diríamos 'travesseiro'. E compreende-se! E eu que sou do tempo em que na esteira ainda havia um travesseiro! Quanto ao número de almofadas, esse dependia da situação financeira de cada família...