19.5.19

O regabofe

Anda por aí um banqueiro a apregoar que 'ao povo português falta ambição'. É possível, mas não é por falta de gente ambiciosa.
Basta ver o que se passou nos bancos portugueses nos últimos anos para perceber que muita gente procurou o estrelato à custa do pagode. Foi um regabofe!
Em matéria de psicologia coletiva, é difícil alterar atitudes antigas, no entanto, bom seria que não tivéssemos de assistir às cenas dos últimos dias - do parlamento aos estádios, passando pelas televisões, redes sociais e, sobretudo, pelas folclóricas arruadas.
Faltam 8 dias para as eleições - há até quem já tenha votado! - e eu ainda não encontrei um 'ambicioso' que me explique porque devo ir votar no dia 26 de maio.
E eu que até sei que Europa quero, não encontro quem a defenda - uma Europa federal, solidária.

18.5.19

Tremor de terra na União Europeia?

Dans un entretien accordé au Parisien, M. Bannon dit avoir choisi de venir en France parce que « de toutes les élections qui auront lieu le week-end prochain en Europe (…) c’est de loin, ici, (…) la plus importante » et ce à cause du « positionnement mondialiste » d’Emmanuel Macron. « C’est un référendum sur lui et sa vision pour l’Europe », a ajouté M. Bannon qui prédit un « tremblement de terre » dimanche 26 mai.

Pois é, a queda parece inevitável, exceto, aqui, em Portugal, no país das melgas... Ou será dos comendadores?

17.5.19

A estátua do comendador

Joe Berardo é Comendador da Ordem do Infante D. Henrique desde 1985, tendo recendido ainda a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 2004...

O alarido em torno do senhor José Manuel Rodrigues Berardo parece-me exagerado. Não creio que dois presidentes da República se tenham enganado ao distingui-lo… 
A narrativa da queda cheira-me a esturro. 
Só o estudo rigoroso do assalto ao poder entre 12 de março de 2005 e 21 de junho de 2011 poderá explicar o buraco negro, entretanto, criado.
A altivez e o riso alarve do senhor José Berardo são compreensíveis. Afinal, a comissão parlamentar não se tinha preparado para interrogar a estátua do comendador.

Durante anos foi um investidor na bolsa portuguesa e é aqui que surge o problema. Joe Berardo comprou um lote de ações do BCP,  em 2007, quando se preparava uma luta de poder pelo banco, com a queda de Jardim Gonçalves e a demissão de Paulo Teixeira Pinto. A 4 de janeiro de 2008, o Público  noticiava que apoiantes de Carlos Santos Ferreira, ex-presidente da Caixa,  tinham pedido empréstimos ao banco público para comprar ações do BCP. Queriam abrir caminho à entrada de Santos Ferreira (com Vara) para liderar o BCP. Santos Ferreira acabou por presidir ao BCP, mas Berardo, viu o investimento desvalorizar em catadupa. Nos últimos anos, deixou de ser um dos mais ricos do País. Berardo e o BCP

16.5.19

O falso método de estudar

«Quando chegam aos exames e provas de aferição, “os alunos não falham na memória (…) falham na análise e na crítica”, disse o secretário de estado da Educação, lembrando os problemas que os estudantes têm revelado nas provas quando lhes é pedido para raciocinar, argumentar ou relacionar conceitos.» João Costa 'Ensinar e avaliar'

Os alunos não falham no exames, falham todos os dias. Porquê?
Porque o que se exige diariamente é muito pouco - estar, se possível, sem perturbar.
Paradoxalmente, aprendem cedo a criticar, embora não queiram analisar, pois tal significa empenho, trabalho, raciocinar, extrapolar…
Neste caso, quem me surpreende é o secretário de estado da Educação que, no cargo em que foi investido, já poderia ter acabado com este falso método de estudar. Já teve tempo para por cobro à ditadura das Editoras e do IAVE. 

14.5.19

O homem de lata

Não fez parte da minha infância, o homem de lata. A distância era intransponível, apesar dos 50 anos decorridos desde que ele surgira na América… No entanto, o homem de lata ocupou muito do tempo dos meus filhos…
Ao vê-lo no ecrã, ia pensando que, apesar da bondade, havia ali um mundo sem alma, sem Deus. E esta ausência, à época, não me afetava por aí além. No caso, a distância também era intransponível…
Hoje, no metro, lembrei-me dos escritos - os escritos na vidraça que indiciavam que a casa 'se alugava ou se vendia'.
Hoje, no cais, lembrei-me dos escritos - os corpos que por ali passavam surgiam todos anotados, como se houvesse algures um Escriba Supremo…
Ainda pensei numa possível exegese, mas recuei não fosse descobrir «o triunfo puro da mercadoria». (Eduardo Lourenço)

13.5.19

Descaramento

António Costa disse no Parlamento que todo o país está "chocado" com o "desplante" de Joe Berardo perante a comissão de inquérito à Caixa.

O país  deveria estar chocado com o 'desplante' de um Estado que deixa à solta indivíduos da estirpe de Joe Berardo…
Quantos outros estão presos por dívidas bem menores?!

12.5.19

O velho professor

O velho professor encontrou quem lhe desse um bordão. No entanto, nos dias que correm, para os professores só há bordoada.
Reparem que, no caso do 'velho professor', até lhe foi melhorada a visão, talvez para poder ver que os tempos dos mais novos não andam de feição.