14.5.19

O homem de lata

Não fez parte da minha infância, o homem de lata. A distância era intransponível, apesar dos 50 anos decorridos desde que ele surgira na América… No entanto, o homem de lata ocupou muito do tempo dos meus filhos…
Ao vê-lo no ecrã, ia pensando que, apesar da bondade, havia ali um mundo sem alma, sem Deus. E esta ausência, à época, não me afetava por aí além. No caso, a distância também era intransponível…
Hoje, no metro, lembrei-me dos escritos - os escritos na vidraça que indiciavam que a casa 'se alugava ou se vendia'.
Hoje, no cais, lembrei-me dos escritos - os corpos que por ali passavam surgiam todos anotados, como se houvesse algures um Escriba Supremo…
Ainda pensei numa possível exegese, mas recuei não fosse descobrir «o triunfo puro da mercadoria». (Eduardo Lourenço)

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