25.6.20

A revolta do Costa

Não conheço os pormenores. Parece, no entanto, que a ministra da Saúde puxou o tapete ao Chefe e este zangou-se: os dados do Primeiro eram desmentidos pelos factos apresentados pelos epidemiologistas e, sobretudo, pela sua ministra sob o olhar benevolente de sua Excelência… 
De súbito, a Verdade era questionada por outras verdades, menores, claro - todas elas confinadas a visões parcelares… 
Não assisti à zanga, mas se bem entendi, o Primeiro deixou bem claro que estava farto de ser Segundo.
Porém, por agora, tudo acabou em bem lá no INFARMED. Sua Excelência acabou por segurar o tapete ao Costa…

24.6.20

Com ele ao leme

O melhor é não bater no Presidente. Com ele ao leme e a comunicação social a bajulá-lo, não precisamos nem de governo nem de parlamento. 
O homem é a soma das qualidades do povo português, ou melhor, como diria o Poeta, a média das virtudes da alma lusa.
O Ferro e o Costa que se cuidem! Bem sei que o não convidam, mas ele aparece. E tem opinião sobre tudo, como se fosse o verdadeiro 'dono disto tudo'...E se o convidam, então, são pequeninos…
Um destes dias, lá teremos de o aturar no Caia! Espero que já tenha lido a  malograda Batalha do Caia do Eça. O homem é capaz de ler o que ficou por escrever…

23.6.20

Uma metáfora de risco


Marcelo Rebelo de Sousa no adeus a Pedro Lima: "Ele era o retrato da vida, o retrato da felicidade"


O senhor presidente não resiste a uma metáfora!
O problema é que num caso de suicídio, as metáforas podem ser perigosas. A não ser que o senhor presidente estivesse a pensar em explicar-nos que a felicidade não corresponde ao retrato que dela traçamos...
O senhor presidente começa a perder o tino, facilmente.

22.6.20

Os amigos da festa

Os cisnes podem morrer de desgosto, mas os homens não… 
Claro que certas culturas souberam desenhar projetos capazes de cimentar a solidariedade intergeracional… A família revelou-se um elemento essencial na construção e preservação da identidade patrimonial, mesmo se o caminho exigia obediência cega… 
O amor filial transformava-se em amor paternal… porque o padrão assim o ensinava, o que não impediu que milhões de jovens fossem sacrificados em conflitos sucessivos… sem grande remorso.
Por estes dias, desfeita a identidade patrimonial familiar, a solidariedade intergeracional está morta. E não é por falta de beijos e abraços… Podemos fingir que nos faltam os beijos e os abraços, mas a crise só será temporariamente superada, quando os amigos da festa começarem a tombar.

20.6.20

No jardim da verdade

Posso tentar descrever o jardim: a uma zona relvada sucede uma canal de água mais límpida do que a de outro registo; e depois, nova zona relvada, mais rara de início, onde pousam alguns pombos, próximos de uma ninhada de patos já crescidinhos que, a espaços. mergulham no pequeno lago, sombreado por uma meia dúzia de árvores… Nas zonas de sombra e de luz, perdem-se folhas secas por entre pequenas flores de estação… E finalmente há todo o tipo de vermes que apenas pressinto…
Esta descrição fracassada não dá conta da verdadeira vida que habita o jardim. É apenas um exercício para dizer que a verdade dos nossos governantes, para além de ser menos modesta, é mais mentirosa do que a minha.
Eu pressinto os vermes, mas eles fingem que neste nosso jardim não há minhocas quando nos querem convencer (e aos outros países amigos do negócio) que a causa do número de infetados é do grande número de testes realizados… Como se o vírus deixasse de circular se o não incomodássemos…

18.6.20

Consciência oca

E acabe enfim esta consciência oca
Que de existir me resta.
(F.P., Fausto na taberna)

Findar ou aperfeiçoar?
Em consciência, quem é que deseja que a consciência se extinga? O suicida, certamente. Mas para quê? Fugir da vida que nos foi entregue para que a preservemos é um ato egoísta, individualista.

Apetecia-me zancar na sociedade individualista, mas o indivíduo não sabe nem quer viver em grupo e muito menos em sociedade. Não há nenhuma sociedade individualista, apenas predadores que, quando não se apoderam do poder, se imolam para não terem de ouvir a consciência.
Em suma, melhor seria apostar no aperfeiçoamento do que nos foi dado em vez de chorar o leite derramado.

17.6.20

Já não há barqueiro!

Mas não é inda o fim. Inda é preciso
Que a morte me desmembre em outro, e eu fique
Ou o nada do nada ou o de tudo
E acabe enfim esta consciência oca
Que de existir me resta.
(F.P., Fausto na taberna)

Pense o Fausto o que quiser sobre o modo de ficar, pouco interessa. Nesta vida, só a consciência atrapalha, porque desaprendemos de viver o tempo - essa inexistência que pesa fora das tabernas, das adegas e dos bares deste mundo...
O tempo é o produto da suspeita de finitude, onde o barqueiro deixou de ser necessário.