7.5.23

Na Almirante Barroso


Esta é a minha janela. Sempre que regresso, estaciono nesta rua, dou uma espreitadela aos jacarandás e verifico se os contentores do outro lado do gradeamento já foram retirados... De novo, só a flor que se vai repetindo anualmente... e já passaram três anos.
No entanto, na última noite, voltei à caixa geral de aposentações a participar a minha decisão de me aposentar em definitivo, e já não é a primeira vez que tal me acontece... Numa estranha caixa de areia, com pequenos vales e algumas colinas, ficou registado a chumbo que o melhor é deixar de olhar para trás, até porque o futuro não se deixa vislumbrar.
Regressei ao restaurante chinês da rua Actor Taborda, nº51, porque o Dia da Mãe lá me levou, apesar da minha já ter partido, levando consigo o que nunca pudemos dizer...

2.5.23

O poder enlouquece

Acabo de ler O rei Lear, de William Shakespeare.
O que é que posso dizer desta tragédia? Pouco. Nunca fui rei, mas compreendo que há momentos em que começamos a errar as escolhas que fazemos... E quando tal acontece, não há volta a dar, pois o que move os herdeiros (e os súbditos) são as paixões... e estas rapidamente se desinteressam do bem comum...

Creio que o António Costa, tal como o rei Lear, já se deixou enredar pelos seus favoritos, perdendo assim o pé da governação. A vantagem dele (desgraça nossa!) é que ele não é o último louco... o Marcelo tudo fará para o ofuscar.

Esta manhã, ainda não tinha concluído a leitura, e já começara a pensar que a passagem do tempo em nada contribui para aprimorar da inteligência: a lucidez é um privilégio de muitos poucos, concedido pela hora em que se nasce...

29.4.23

Se não fossem as flores...

o que seria de nós?
(O que será de nós? Há regras que convém venerar...)

Em tempos de indisciplina, já não sei o que pensar... a liberdade justifica tudo até ao dia em que seja necessário aprisioná-la para que possamos sobreviver (mau argumento, bem sei!).

No que me diz respeito, já não tolero a comunicação cada vez mais determinada pela vontade de instalar o caos.
E, infelizmente, já não suporto um governante que parece viver numa torre de marfim e que se revela incapaz de reconhecer que tem vindo a fazer más escolhas para ministérios decisivos para o futuro do país...
Espero que Maio, para além das flores, traga clarividência e coragem para deitar fora a fruta podre... e já agora que a nova seja colhida diretamente na árvore, evitando qualquer tipo de frigorificação.


25.4.23

Neste estranho 25 de Abril

Hoje, a 25 de Abril, acabei de ler MACBETH... 
Tantos assassinatos justificados pela ânsia de poder; na assombra, o punhal serve o déspota, acicatado por uma mulher estéril e que, a cada momento, o acusa de cobardia...
Nesta data, em nome das liberdades, dentro e fora do Parlamento, desrespeitou-se o 25 de Abril... Infelizmente, parece que há cada vez mais discípulos de MACBETH...

24.4.23

Livros usados

Se procura livros usados, entre em contacto... (macagomes@hotmail.com)

Domínios:

Literaturas (lusófona, francesa, comparada...)

Ciências humanas (psicologia, psicanálise, sociologia, antropologia...)

Didática da língua e da literatura portuguesa

20.4.23

Tanta água...

Tanta água, e só um pato real!

Em terra, tantos patos... e um rasto inclassificável... um labrego em cuecas expõe-se à espera de ser pescado. 

Entretanto, a maré vai cheia e o peixe escapa-se para águas profundas.

(Na Praia dos Pescadores, Póvoa de Santa Iria, só havia 4 canas de pesca debruçadas sobre o Tejo, absortas... talvez fossem do labrego ao sol, quem sabe...)

16.4.23

Imperdoável




De memórias, há quem diga, se nutre o presente. Só isso!

No entanto, imperdoável  é deixar de ver as borboletas e de ouvir os melros...

Como prova de que não se deve viver só de memória, acabo de avistar uma pega rabuda às portas de Lisboa...

Isto sem falar do que vamos guardando no inconsciente, de forma voluntária ou não...