24.9.06

Um sargento de Abrantes...

Lembrou-me agora que há 60 anos, em Abrantes, havia um sargento que gostava de castigar os soldados, obrigando-os a subir um monte com um almude de água às costas para, depois de o esvaziar, repetirem o movimento até à exaustão.
Digamos que, deste modo, o sargento colocava à prova a resistência de homens que, talvez, mais tarde, numa qualquer guerra, lhe ficassem eternamente gratos.
Os sargentos sempre gostaram de se imaginar no papel de Zeus ao condenar o mestre da malícia e dos truques - Sísifo - a rolar a grande pedra de mármore até ao cume da montanha, para depois Zeus a impelir impetuosamente para o vale, recomeçando Sísifo, indefinidamente, o movimento...
E por isso, as tarefas que envolvem esforços inúteis passaram a ser chamadas "trabalhos de Sísifo"...
Creio bem que, hoje, continuamos a ser instruídos por um sargento de Abrantes que, perante a anuência das praças, as condena eternamente aos trabalhos de Sísifo...
(...)

1 comentário:

  1. Os trabalhos de Sísifo são inúteis. Pior, são trabalhos. Pior ainda, convertem-se quase sempre em carga de trabalhos.
    E nós, quais sísifos-funcionários, em burros de carga - por este andar, também, inúteis, como os trabalhos.
    E quando tudo parece mudar, mesmo à força, só não mudará quanto devia. Afinal, segundo um estudo americano agora divulgado, em 2020, mesmo com a Internet, o mundo não será melhor, i.e., continuará igual!...

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