1.9.06

O círculo fantasmático do desencontro...

Absurdamente, estou cercado de discursos ansiosos, de corpos expectantes.
Por isso bem gostaria de saber lidar com a depressão. Não com a depressão abstracta, essa não me interessa. Interessa-me, sim, o círculo fantasmático do desencontro...
Na sociedade ocidental, a depressão é vista como um comportamento individual. Como uma dificuldade de adaptação à velocidade, como se houvesse necessidade de o indivíduo se encaixar na totalidade...
Por outro lado, o diagnóstico do estado depressivo parece pressupor que a totalidade está certa e o indivíduo está errado. Mas será mesmo assim?
Para tratar o problema, existem os psicólogos, os psicanalistas, os psiquiatras, os padres, os exorcistas, os conselheiros, os feiticeiros e outros que tais. Todos se propõem tratar o indivíduo. Todos procuram a causa no indivíduo. Todos propõem /impõem um tratamento mais ou menos drástico ao indivíduo. Nenhum procura a causa no modo como construímos /agimos sobre o cosmos.
A constante aceleração e a constante mudança devoram, a cada segundo, milhares de indivíduos, deixando-os à beira do precipício, senão aniquilando-os ...
Por isso, há cada vez mais indivíduos que procuram «não ter consciência disso», porque «não ter consciência» é um bom remédio para a depressão... Como culpabilizá-los por isso?
E a terceira via parece não ser muito simpática: contra a depressão, contra «não ter consciência disso» só resta a revolta...
E infelizmente para que a revolta faça sentido, ela necessita de recorrer às mesmas armas que provocam a depressão!
( Lá fora, num qualquer palco soa um batuque que vai "secando" a consciência. Ou será que apela à revolta? Entretanto, a depressão alastra, contamina tudo à sua volta...)

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