13.7.12

O vagabundo

Quando com uma mão nos dão autonomia e com a outra nos condicionam a decisão, apetece mandar tudo às urtigas e partir para uma longa viagem de vagabundo, a pé e / ou à boleia, mesmo que não seja ao serviço de Portugal.

Um vagabundo do tipo daquele que Camilo José Cela consagra na obra “Vagabundo ao serviço de Espanha”.

O vagabundo de Camilo José Cela, visto ter palmilhado meia Espanha, lido demoradamente as histórias dos lugarejos que ia atravessando, partilhado fraternamente os palheiros que lhe cediam para repousar das canseiras  ou curtir os excessos raros e inesperados do prazer da gula ou do sexo, debatido com cónegos, alcaides, feirantes e prostitutas…, a esta hora já deveria ter acumulado uns milhares de unidades de crédito e ser magnífico reitor de uma qualquer vetusta universidade aristotélica…

De facto, o conhecimento do vagabundo de Camilo José Cela é infinitamente  superior ao saber do excelentíssimo ministro relvas até porque aquele viajante age segundo um princípio  que considero fundamental: – não se atravessar no caminho de ninguém!

E o que me  impressiona no vagabundo é que este pícaro, à força de palmilhar a Ibéria, sabe que em cada aldeola, vila ou cidade  o relvas não é a exceção.

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