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13.7.12

O vagabundo

Quando com uma mão nos dão autonomia e com a outra nos condicionam a decisão, apetece mandar tudo às urtigas e partir para uma longa viagem de vagabundo, a pé e / ou à boleia, mesmo que não seja ao serviço de Portugal.

Um vagabundo do tipo daquele que Camilo José Cela consagra na obra “Vagabundo ao serviço de Espanha”.

O vagabundo de Camilo José Cela, visto ter palmilhado meia Espanha, lido demoradamente as histórias dos lugarejos que ia atravessando, partilhado fraternamente os palheiros que lhe cediam para repousar das canseiras  ou curtir os excessos raros e inesperados do prazer da gula ou do sexo, debatido com cónegos, alcaides, feirantes e prostitutas…, a esta hora já deveria ter acumulado uns milhares de unidades de crédito e ser magnífico reitor de uma qualquer vetusta universidade aristotélica…

De facto, o conhecimento do vagabundo de Camilo José Cela é infinitamente  superior ao saber do excelentíssimo ministro relvas até porque aquele viajante age segundo um princípio  que considero fundamental: – não se atravessar no caminho de ninguém!

E o que me  impressiona no vagabundo é que este pícaro, à força de palmilhar a Ibéria, sabe que em cada aldeola, vila ou cidade  o relvas não é a exceção.

19.6.12

Prova 639/1ª fase 2012

Esta prova em nada difere das dos anos anteriores. 

No Grupo I A, as operações exigidas são, por ordem: identificar e nomear qualidades; explicitar a intenção crítica; sintetizar opinião; explicar a mitificação do herói. Ao aluno é atribuída a tarefa de comprovação e não de descoberta das linhas de força do texto. Claro que as orientações continuarão a dizer que o objetivo visa testar a competência interpretativa do leitor… Esta forma de formular as questões não permite distinguir a verdadeira competência interpretativa, e a estatística encarregar-se-á de comprovar que vivemos num tempo de mediania…

No Grupo I B, é pena que em todo o MEMORIAL DO CONVENTO não tenham encontrado uma passagem mais adequada para ilustrar a necessidade de rescrever a História do Povo. A tentativa de individualização do herói popular mais não é do que um gesto voluntarista, mas inconsequente, pois a memória dos nomes próprios esfuma-se facilmente.

No Grupo II – A formulação impede o erro. As alternativas, em regra, são inverosímeis.

No Grupo III – O tema a POPULARIDADE, de certo modo, determinado pelo TEXTO do Grupo I A (de Camões), poderia conduzir a uma reflexão interessante sobre os caminhos que hoje trilhamos. Mas não! A instrução atira, de chofre, o aluno para os braços de programas televisivos de grande audiência e, sobretudo, para as redes sociais, diga-se, facebook. Pobres professores classificadores, vão ficar com a cabeça à roda com tantos pontos de vista!

5.2.12

A rede

Diariamente, a rede  mostra a sua força, se colocada ao serviço do crime. Veja-se o que tem acontecido em Salvador da Bahia – 82 mortos, pelo menos. Tudo porque a polícia decidiu fazer greve!

O Brasil não é exceção, é proximidade. A Síria, por seu lado, mais distante, continua a chacinar os cidadãos que contestam a ditadura, mesmo se em nome de qualquer outra ditadura.

‘Distância’ e ‘proximidade’ exprimem, aqui afetos ou desafetos, e não lugares!

Ser homem pressupõe a rede neurológica. Ser humano exige a rede social; infelizmente, o crime, também, só é possível em rede!

Desde sempre, a rede esconde o seu modus operandi, gerando heróis do bem e do mal.

Para entendermos a rede, necessitamos de deitar abaixo os pedestais.

21.12.11

E se imitássemos …

E se neste Natal, em vez de celebrarmos o menino, imitássemos o Jacaré Bangão, deslocando-nos ao Ministério das Finanças com os nossos derradeiros cabazes de Natal?

Oferendas aceites, mergulharíamos, para sempre, nos braços de Kianda – espírito do Tejo luso. 

(Nota natalícia dedicada aos cavos pensadores antiescravagistas que, por ora, nos  querem empobrecer para nos libertar de mãos jesuíticas.)

9.11.11

Ilusões!

«Miserum est enim nihil proficientem angi.» Cicero, De Natura Deorum

A cada dia que passa, sinto que há cada vez mais gente atormentada, sem proveito. Ainda se as tormentas significassem desafios, essa inquietação poderia fazer sentido, porque vencê-los significaria superação!

Mas não! O que se passa é bem mais grave: cai-se na escuridão porque os espelhos se quebram, tornando claras as pústulas da ilusão.

E a Ilusão não vale o sacrifício de uma vida!

25.10.11

Insensatez…

Acordar às 5 h e 15 minutos para preencher uma ficha de observação de uma turma é certamente prova de insensatez, sobretudo quando o patrão corta vencimento, subsídios de férias, de natal e congela progressões na carreira.

E a insensatez é tanto maior quanto esta obrigação resulta da necessidade de compensar o tempo gasto a apreciar as mil “evidências” que mostram que somos um país de vassalos excelentes, no caso, de professores… Ou talvez não?

Com tanta excelência, ainda não aprendi a distinguir os «objetos verdadeiros» dos «objetos falsos»! E, acima de tudo, neste tempo de respigar, ainda não aprendi que o que resta não chega a ser literatura!

Agora, sim, é hora de acordar!

13.9.11

Nós não somos o mundo!

O calor das 15 horas desespera-me. Viajo no autocarro 83 e, entrementes,  descubro no i uma entrevista a Helena Roseta que leio atentamente. As respostas parecem-me sinceras, revelando uma pessoa verdadeiramente preocupada com a polis. Há na Helena Roseta esperança e, ao mesmo tempo, tristeza, pois percebe-se que muita da actual pobreza resulta de sermos governados por pessoas que não conhecem o outro e, sobretudo, vivem para satisfazer os seus interesses e caprichos…

E de repente, oiço em mim: “Nós não somos o mundo!”e termino a viagem a interrogar o título de uma obra de Mia Couto “Cada homem é uma Raça”.

11.9.11

Babelianos!



Dez anos depois, as torres continuam a simbolizar o poder. Em seu nome, ignoramos as vítimas anónimas de cada dia, e fingimos que tudo acontece por força de um mal invejoso do nosso engenho…

Se em vez de procurarmos o céu, enxergássemos as vidas que calcamos!

11.8.11

Recta-pronúncia… de Vítor Gaspar

Ao ouvir Vítor Gaspar, o ministro das Finanças, dá vontade de citar Aquilino Ribeiro, ao caracterizar o juiz Alves Ferreira: «um magistrado miudinho, quase recta-pronúncia e obtusângulo.» in Um Escritor Confessa-se

Amanhã, cumprindo as exigências da Troika, Vítor Gaspar anunciará ao país  mais medidas para esfolar o contribuinte, deixando a monte os gulosos.

10.7.11

No Gerês

Bernardo Santareno n’ O Judeu, e José Saramago, no Memorial do Convento, dão-nos uma imagem de um D. João V grotesco. Ou será a imagem que é grotesca?

Quando a Literatura se apodera da História em tempo de decadência, corre-se o risco de que a primeira, ao serviço de preconceitos ideológicos, molde de tal forma o imaginário do leitor que este fique incapacitado de interpretar a “realidade”, entendida como o conjunto das coisas, boas ou más…

Vêm estas considerações a propósito da nota solta: Uma capela em honra de Santa Eufémia, foi mandada edificar por D. João V, em 1733, aliás, o monarca que mais se interessou pela termas, construindo um hospital, residência para médico, boticário, capelas e poço para banhos termais.

Por outro lado, pensando ainda no leitor que não consegue distinguir as sensações dos sentimentos, creio que o melhor é viajar até ao Gerês. Aqui, predominam a cor e o som – as sensações auditivas e as sensações visuais. No lugar onde me encontro, diria que o som da cascata esmaga os verdes da floresta. Quanto ao olfacto, o eucalipto leva a palma ao restante arvoredo, mesmo ao vidoeiro…

Do tacto é melhor não falar, apesar de agora me lembrar que Almeida Garrett não resistia às nervuras das pétalas das rosas, e que Pessoa enamorado da música do romântico e do cérebro de Pascoaes, se atirou às sensações como se a razão nada mais lhe oferecesse como comboio de corda… Afinal, o problema de muitas pessoas é que continuam a criar os seus países, como se lá fora nada existisse!     

30.6.11

A nova retórica…

“- Posso assegurar…” Assim começam ou acabam muitas frases proferidas pelos novos governantes. Infelizmente, quem, no contexto actual, arrisca tal certeza revela impreparação para o cargo que desempenha.
Uma análise de conteúdo dos argumentos utilizados mostra ainda que a repetição da “certeza” espelha  a falta de estudo e, sobretudo, adverte para a leviandade da decisão, como no caso da aplicação do imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal… (Quem é que, de verdade, acabará por ser taxado?)
Não se espera que o político seja de tal modo céptico que acabe por desvalorizar a acção, mas também de nada nos servem os iluminados que, em nome da racionalidade e da transparência,  tomam decisões cegas.

16.6.11

E se assim não fosse…

Cada cavadela, sua minhoca!

No que me diz respeito, é mais cada enxadada, várias minhocas e de várias cores. Sem querer corromper o saber popular, em tempos de aposta no regresso ao campo, parece-me que melhor seria pensar um pouco mais antes de agir.

Os sinais começam a ser claros: os ricos querem os pobres à distância; os pobres (e, sobretudo, os parasitas que são como as minhocas!) vão acabar por romper o dique e ser massacrados até que voltem a ser necessários…

(Se as minhocas soubessem que estão a ser utilizadas como iscas vivas!)

À desordem seguir-se-á uma nova ordem, uma nova abundância… até que o alcatruz volte a esvaziar-se…

E se assim não fosse não haveria narrativa!

14.3.11

O 2º termo da comparação…

Não restam dúvidas de que, em muitos casos, o 2º termo de qualquer comparação diz mais sobre quem o selecciona do que sobre a ideia / objecto que se quer explicitar.

De acordo com o inefável Luís Filipe Menezes (Entrevista ao i de 14 de Março de 2011), o Pacheco Pereira não vale nada, ou melhor, não passa de um desmancha prazeres: P. P. «diz que não precisa da política para viver; mas nunca o vi a ganhar dinheiro a não ser à custa da política e da notoriedade que  ela lhe deu. Se assim não fosse, era professor de História numa recôndita aldeia de Trás-os-Montes. Vale o que vale. Rigorosamente nada

Bem certo que o Pacheco Pereira não necessita de que eu o defenda. Não posso, no entanto, deixar de voltar à minha ideia inicial. O Senhor Luís Filipe Menezes anda mal informado: A História já não se estuda em quase lado nenhum! Em Trás-os-Montes, serão raríssimos os professores dessa matéria e, se os houver, não necessitam de ser achincalhados. Afinal, quanto vale um professor para o Luís Filipe Menezes?

RIGOROSAMENTE NADA!

5.3.11

Ai flores!

Por alguma razão que desconheço, não tenho conseguido “postar” comentários aos comentários que vão surgindo em CARUMA.

Por isso esclareço:

A) Os primeiros românticos lutaram no campo de batalha em nome de uma alma colectiva - pugnavam pela liberdade dos povos (das nações). Os filhos esqueceram rapidamente essa herança e sucumbiram às sensações, valorizando o corpo e a preguiça; o luxo e a luxúria…

B) Cresci num país em que boa parte dos seus filhos, nos anos 60 do século passado, se viram obrigados a emigrar para França ou por lá se exilaram para escapar à guerra colonial; num país onde se aprendia a língua, a literatura e a cultura francesa; onde França representava a pátria da liberdade… e, entretanto, venho assistindo à morte desse contacto privilegiado, pré-anunciado pela extinção do latim dos curricula em Maio de 1974… (as flores anglo-saxónicas substituíram os gerânios, os lírios e as violetas, sob o olhar cúmplice dos cravos e das rosas…) E essas flores credoras continuam a arrastar-nos para a descaracterização da língua portuguesa…

C) E quanto aos “enganos” há que perdoar …, pois o objectivo era ver a seriedade de Eça ao abordar o problema do adultério nas classes ricas e improdutivas…