Só hoje vi este filme sobre as relações humanas num bairro londrino no período thatcheriano. Relações postiças que, apesar de tudo, se vão tornando corteses.
Miss Shepherd sabe como ninguém explorar a má consciência da rua em que instala a sua "furgoneta", obrigando os vizinhos a tolerar-lhe o lixo, a sujidade, a pestilência e uma certa sobranceria. Sobretudo, o "vizinho" Alan Bennet acaba por, ao usá-la como tema de escrita, dar-lhe uma assistência inesperada até porque a recusava à própria mãe...
Por outro lado, este filme revela uma crítica explícita, embora pontual, ao catolicismo, porque fora, afinal, um sacerdote católico que censurara o amor da jovem Margareth (Miss Shepherd) pela música, levando-a entrar num convento... Critica, também, a assistência social inglesa que só muito tarde se ocupou da velha Miss Shepherd.
Esta obra mostra que uma personagem excêntrica e foragida esconde muitas vezes uma vida frustrada, porque os padrões de cultura assim o determinam. E Miss Shepherd nunca aceitou por inteiro esse destino...
Finalmente, embora o tema possa parecer 'negro', há momentos que são hilariantes, e a interpretação dos atores Maggie Smith e Alex Jennings é excelente.
(Na sessão das 15:20, no Cinema City Alvalade, estiveram apenas 7 (sete) espectadores...)
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