Avolumam-se as pausas - discutem-se os últimos escândalos, a bola, a família, a falta de educação, os excessos... dos outros, as insuficiências dos outros, os erros dos outros...
Por vezes, as pausas são interrompidas para regressar ao trabalho de mostrar ao chefe que o posto de trabalho não foi desertado...
De qualquer modo o esforço é inglório, porque o chefe não descola do lugar que ele próprio determinou ser o seu.
Hoje a pausa é em frente de um televisor, de onde é possível avistar um funeral de alguém que por aqui passou, sem que, aparentemente, tenha deixado qualquer indício...
(Começo a pensar que sou invisível! Eu que não sou chefe, observo e registo sem que isso desperte a mínima atenção. Do outro lado, o televisor vai mostrando imagens que não descortino; a própria voz da repórter é abafada por um discurso múltiplo sobre as insuficiências e os erros dos outros, no caso, das outras, por ora, ausentes...)
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