10.8.19

Se não tivesse entrado nesta Montanha

Por aqui, o vento sopra forte. Na Montanha, há imensas páginas em que não há referência ao estado do tempo - e já vou na página 520. Talvez a ventania tenha um efeito benéfico no avanço da leitura! 
Assisto a um debate intensíssimo sobre a religião e a racionalidade humanista, protagonizado, respetivamente pelo jesuíta Napta e o já apresentado italiano Settembrini, atirando o protagonista Hans Castorp para o lugar do aprendiz dos mistérios da vida e da morte, do espírito e do corpo… da eternidade e do tempo… 
Da leitura fica-me a convicção de que, afinal, a disciplina a que fui submetido durante a adolescência foi ministrada por jesuítas, mesmo que não estivessem conscientes da essência do seu ministério… Não era só o edifício que fora construído de acordo com a regra de Santo Inácio… também as camaratas obedeciam ao princípio da organização em "divisões" militares - lembro-me que pertencia à camarata de São Condestável… e depois havia as refeições em silêncio cortado pela leitura de excertos bíblicos, sem esquecer as deslocações em fila para todos os atos diários… 
No entanto, publicamente, não me lembro de ter ouvido uma única palavra sobre esta 'diabólica' doutrina…
Se não tivesse entrado nesta Montanha, talvez não tivesse chegado a esta conclusão.

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